Em 2015 a Igreja, atendendo ao pedido
do Papa Francisco, celebrou o Ano da Vida da Consagrada, comemorando os
cinquenta anos da promulgação do decreto conciliar Perfectae Caritatis, com o desejo de renovar o fervor daqueles e
daquelas que se consagraram a Deus.
Sem dúvida foi um ano de muitas
iniciativas e reflexões sobre a vida consagrada. Acredito que tenha reavivado
em cada consagrado o desejo de viver intensamente o seu sim, não obstantes os
desafios e obstáculos que se encontram dentro e fora dos nossos institutos
religiosos.
Diante de uma nova renovação dos votos
religiosos, não apenas aqueles que devem cumpri com esse dever, mas todos nós
professos simples e solenes, somos chamados a refletir sobre o sentido da nossa
consagração e de sermos religiosos.
Para tanto algumas perguntas podem nos
ajudar nesse aprofundamento. O que é vida religiosa? Qual a sua natureza? O que
ela tem à oferecer a Igreja hoje?
Em primeiro lugar, a vida é religiosa,
é ainda hoje, um caminho especial para alcançar a santidade. São João Paulo II
afirmava que “na manifestação da
santidade da Igreja, há que reconhecer uma objetiva primazia à vida consagrada”[1].
E ainda:"Os santos e as santas
sempre foram fonte e origem de renovação nas circunstâncias mais difíceis, ao
longo de toda a história da Igreja. Hoje, temos muita necessidade de santos,
graça esta que devemos implorar continuamente a Deus. Os Institutos de vida
consagrada, mediante a profissão dos conselhos evangélicos, devem estar
conscientes da sua especial missão na Igreja de hoje, e nós devemos
encorajá-los nessa sua missão."[2]
Embora a palavra “santidade” esteja um
pouco desgastada e tenha perdido o seu real significado, devido ao seu mau uso,
o mundo precisa de santos e santas. Uma santidade comprometida com a renovação
do fervor cristão e da sociedade. Precisamos de santos alegres e engajados.
Os institutos de vida consagrada,
mediante a profissão dos conselhos evangélicos, têm o compromisso, antes de
qualquer atividade ou apostolado, de serem fiéis ao chamamento à santidade. O
povo de Deus espera ver nos consagrados, pessoas comprometidas com esse
caminho.
O que significado ser santo? O próprio nome do decreto conciliar sobre a
vida religiosa indica o caminho: trata-se da "perfectaecaritatisprosecutionem
– consecução da caridade perfeita".
A santidade não é um moralismo – um cuidado escrupuloso com o que é ou não
pecado –, mas um progresso no amor. A Igreja ensina que o amor verdadeiro deve
ser caridade, tendo Deus como objeto formal. Isso significa amar a Deus, ao próximo
e a si mesmo, por causa de Deus. Em sua condição, o homem experimenta uma
espécie de "poder de destruição". Mesmo quando se dispõe a fazer as
coisas certas, ele pode destruir aquilo que ama, colocando seu casamento,
consagração, suas amizades e relacionamentos em perigo. Só amando as pessoas em
Deus é que ele pode amar de verdade. A santidade, então, resume-se a isto:
amar e crescer no amor.
Para chegar à meta, todavia, existem
métodos, dos quais a profissão dos conselhos evangélicos se sobressai. Os
religiosos, como se sabe, fazem esta profissão, com o fim de entregar-se totalmente
a Deus, em holocausto, como chama de amor. É verdade que todos os
cristãos, independentemente do estado de vida, podem e devem entregar-se a
Deus. Os religiosos, porém, fazem um ato ainda mais generoso, ofertando até o
que não precisavam dispor: os seus bens externos – pelo voto de pobreza
–, o seu corpo – pelo voto de castidade – e a sua alma – pelo voto de obediência.
Pela vivência cotidiana destes votos, eles são chamados a progredir até a
"perfeição da caridade" – que é o fim para que tende toda a vida
consagrada.
No dia 06/12 (ontem) os nossos queridos irmãos fizeram
pela terceira vez a renovação dos votos de Pobreza, Castidade e Obediência;
finalizando assim, os estudos acadêmicos e dando início à preparação para os
votos Solenes. Parabéns por mais uma renovação dos votos e por desejarem seguir
o caminho da santidade em nossa família religiosa.
Felicidades!
Por:
Carlos Eduardo