Cada vez que estamos
mais próximos da festa do nascimento de Jesus, a liturgia nos orienta mais e
mais para olharmos à nós mesmos e a nossa sociedade. E quando entramos na nossa
intimidade e olharmos ao nosso redor, sempre aflora alguma dúvida,
questionamento, curiosidade. Assim também, João Batista teve sua dúvida. A
proposta deste III Domingo do Advento com as leituras de Is 35,1-6a.10 e Mt 11,2-11 nos empurra para olhar Jesus.
João foi quem batizou Jesus. E no momento se ouvia uma
voz que dizia: "Este é o meu Filho bem amado, escutai-o!". Nesse
momento, João viu uma pomba descer sobre Jesus, e enquanto isso, uma luz o
envolvia. Portanto, diria que, João fez uma experiência divina de Jesus. Não se
esqueçam disso! Pouco tempo depois, ele vai ser preso, aí então começam as
dúvidas. Seria Ele o Messias? Veja bem: se João que ouvira a voz de Deus Pai,
ainda duvidava, o que dizer de nós?
O evangelho diz que
João ouvira falar das obras de Jesus, mas, mesmo assim, duvidava. João era um
homem estudioso do Antigo Testamento. Ele era um homem experimentado nas
Escrituras. Ele deve ter guardado a ideia de um Messias que viria transformar a
realidade, modificar Israel e acordar o povo. João, estando preso, apareceu um
homem, vindo de uma cidadezinha desconhecida pelos judeus. E quem é esse homem?
Ele não faz nada extraordinário: conversa, prega, come com os fariseus, bebe
vinho com o publicano, fala com as mulheres, fala com os estrangeiros, aparece
em público com as mulheres, coisas realmente muito estranhas. João tinha
motivos de sobra para duvidar, por isso mandou seus discípulos para
esclarecerem.
Aqui vem algo
interessante o modo de responder de Jesus. Ele não se refere de fatos
grandiosos: ter andado sobre as água ou transformado água em vinho, mas de cego
que voltam a ver. Quantos de nós somos cegos?! Quantas coisas não vemos?!
Quantas palavras escutamos e não ouvimos?! O leproso que vivia isolado já se
aproxima. Vinha uma vez por ano na Missa, agora já vem três vezes. As coisas
estão melhorando. Jesus quis dizer para João que as coisas se fazem lentamente.
Podemos dizer assim: Jesus está lembrando à João sobre as escrituras que estudou,
e principalmente sobre Isaías, aí ele tem a certeza de que Jesus é o Messias, e
assim poderia morrer em paz.
Nós também somos João
Batista. Experimentamos Jesus no Batismo, recebemos a graça e a fé. Muitas
vezes participamos na Eucaristia, apalpamos Deus em nossas vidas o sentimos
próximo de nós. De repente, por qualquer coisinha insignificante, fechamos a
cara e ficamos quatro meses com a cara amarrada. Pode acontecer dentro da nossa
família, marido e mulher, pais e filhos. Não podemos esquecer-nos da
experiência do amor, que é abertura, acolhida, é cuidar do outro.
Os jovens que vem à
Igreja vejam quantos colegas se metem nas drogas. Querem cegueira maior que
essa? Não conseguem ver que estão entrando numa aventura que os leva à morte.
Será que não são cegos esses jovens que saem de moto em alta velocidade e que,
na próxima esquina, podem ver São Pedro antes da hora? Não são cegos esses que
entram no mundo do sexo desvairado, gastando seu corpo, sua beleza, seu amor,
na vacuidade total? Porque não ensinam a ver?
A nossa realidade
familiar e social precisa de João Batista que olha para Jesus, e a partir da
sua dúvida olhar Jesus com mais profundidade na sua vida. Procurar Jesus para ficar
em paz consigo mesmo. Essa paz que Jesus oferece é eterna. Com esperança vamos ao
encontro de Jesus que está querendo nascer no meio de nós
Por: Isaac Segovia