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Solenidade de São Pedro e São Paulo

Nesta solenidade de São Pedro e São Paulo recordamos o testemunho que esses dois grandes apóstolos deram de Cristo mediante o martírio. ...

Venerável Carlo M. Schilling



Oração ao Venerável Schilling
Deus misericordioso e eterno, que chamando à verdadeira fé o vosso servo Venerável Padre Carlo Schilling fazendo dele um modelo de virtudes cristãs e um apóstolo do bem, nós Vos suplicamos de glorificá-lo na terra concedendo-nos a graça... que ardentemente imploramos pelos méritos de Jesus Cristo Senhor nossa. Amém,
Um Pai Nosso, Ave Maria e Glória.

“Veneráveis” Peregrinações em Mouscron
Com Pe. Carlo M. Schilling “O bom norueguês”
Eu estou muito feliz, mesmo... muito feliz!

“Que Maria mãe da Divina Providência, através dos nossos amados Santos, Beatos e Veneráveis e Servos de Deus interceda a fim de que não nos falte jamais neste sexênio a paternal bênção divina portadora de comunhão, amparo recíproco e fraternidade”. Assim reza o desejo da mensagem capitular de 25 de janeiro de 2013, com o qual se apresentam as deliberações do Capítulo Geral de 2012. Privilegiando os testemunhos diretos, no Ano da Fé, para promover sempre mais conhecimento, devoção e culto, se continua o percurso para etapas entre as Casas que hospedam os restos mortais dos nossos Veneráveis: após Dom Serafino Ghidini, neste número nos detemos sobre Pe. Carlo M. Schilling (1835-1907), em Mouscron – Bélgica.

“NORVEGA proles ínclita,/Plaudere mecum libeat/ Genere Schilling Carolum/ Quem sibi Christus elicit”. (Ilustres filhos da Noruega, deleitai-vos comigo a dar louvor ao vosso Carlo Schilling, Que para si, Cristo-Deus escolheu).
Com estes belos versos inicia o primeiro Poema em honra do Venerável Schilling, composto pelo Pe. Giuseppe Francesco De Ruggiero em Perúgia, no mês de julho do ano de 1967, para celebrar a declaração das virtudes heroicas.
Sobre ele não faltam certamente biografias, também em diversas línguas: algumas de caráter hagiográfico e devocional, nas quais frequentemente se enfatizam as dificuldades pessoais que foram vencidas pela virtude, outras com um traço mais histórico-crítico, alguma outra também discutível pela sua abordagem excessivamente apologética, como aquela de Gabriel Campo com o título: Karl H. Schilling. “Tu me hás enganado em mi juventud, tu hás enganado a mi familia; tu enganas toda la nacíon Noruega”, publicada em Barcelona no ano de 1962, a pouco anos do anúncio do Concílio Ecumênico Vaticano II, quando em 25 de janeiro de 1959, o Papa João XXIII dirigiu “... um convite às comunidades separadas pela busca da unidade na qual tantas almas hoje aspiram por todos os cantos da terra”.
Mendicante da Beleza
Para conhecer ao menos alguns traços da verdadeira história do “belo norueguês” convertido ao catolicismo, basta apenas folhear as 67 paginas do volume datilografado:Positiones et Articulos referendo-se ao processo de Beatificação e Canonização  do Servo de Deus Carlo M. Schilling, Sacerdote professo da Congregação dos Clérigos de São Paulo, Barnabitas, preparado em língua francesa, pelo Postulador Geral de então, o Pe. Umberto Fasola, e datado em Roma, em 10 de março de 1949.
Folheando-o, se abre um fecho de luz que aponta diretamente no coração de Carlo, para colher a inteligência à luz das virtudes teologais e cardinais e reviver a história de uma alma simples e generosa, onde as marcas do tempo ainda originam sugestões diferentes.
Para dizer a verdade, de frente à sua “maciça figura” nos sentimos improvisamente sozinhos, um pouco como aquele mendicante pensativo por ele retratado em uma das suas telas mais famosas, porque o jovem Karl Halfdan (de agora em diante Carlo) fora um artista talentoso, sensível à beleza dos imensos horizontes da sua Lapônia e também “daqueles não menos profundo da alma humana”, cujos  arrepios existenciais confiava ao seu caro amigo de sempre: o pincel.
Em um dois seus melhores quadros: “O Mendicante” (exposto e premiado em Dusseldorf), tudo gira em torno de um pobre velho, cego, e de uma jovem que o assiste e que vê por ele, e de um vigilante cão deitado aos seus pés. Sobre o fundo se nota uma igreja, uma família que está levando ao idoso a esmola, enquanto ele, concentrado e digno, aguarda sentado, escutando (aquelas pisadas) leves que lhe doarão uma migalha de amor.
Foi exatamente aquela amizade com o seu inseparável pincel a levá-lo à Renânia para o estudo da arte pictural, onde, improvisamente, se converteu ao catolicismo: o seu ingresso oficial na Igreja Católica ocorreu em 11 de novembro de 1854 na igreja de são Lamberto, iniciando assim uma história que ainda hoje comove, fascina e edifica, especialmente recordando como não eram fáceis aqueles tempos de outrora.
Junto ao forte sentido da presença de Deus, o temor dos Jesuítas e a exaltação dos pastores protestantes contra o papismo haviam marcado fortemente também a juventude de Carlo, educado, desde pequeno no luteranismo. Os países escandinavos, de fato, viram a difusão do luteranismo a partir de 1537, e mal suportaram, após a paz de Westfalia de 1648, aquele pequeno rebanho de católicos, condenado à clandestinidade entre destruições de igrejas e perseguições religiosas. Entre mil dificuldades e humilhações, em 1700, graças ao pietismo, as consciências de muitos iniciaram, porém a despertar-se frente de uma Igreja de Estado, agora convertida em uma organização fria e distante do cotidiano da vida. 
Aquele chapéu lançado ao vento   
Carlo Halfdan Schilling, de constituição física um tanto delicada, nasceu em 09 de junho de 1835 em Cristiana (tal cidade mudará o nome para Oslo em 01 de janeiro de 1925). Seu pai, Teolofilo Cristoforo Adolfo, filho de uma nobre família alemã, tornou-se oficial de cavaleria. Sua mãe, Eleonora Sofia Caterina Berg, era de origem norueguesa, sendo nascida em Cristiana em 1810.
Com apenas 10 anos de idade Carlo ficou órfão de mãe, após uma longa doença, e abandonando os estudos literais se dedicou à pintura sob a guia do notável pintor norueguês Eckersberg.
Para aperfeiçoar-se, aos 18 anos decidiu de frequentar a célebre Academia de pintura de Dusseldorf, na Alemanha, como aluno de Von Leutze, encontrando hospitalidade – ele que considerava o catolicismo como uma mera supertição! – junto à família católica de Georges Eitel (convertido do protestantismo), que dava hospitalidade a alguns estudantes estrangeiros. Bem logo Carlo entrou em simpatia com a família de Eitel, tornando-se um de casa, amigo, sobretudo, de Guglielmo, um dos filhos de Georges, que estava se preparando a se tornar sacerdote católico.
Embora de coração sensível de artista, enrijecido nas suas convicções religiosas, se manifestou logo, afastado e arrogante, ao ponto de no dia de Corpus Christi de 1854, encontrando-se ocasionalmente ao longo do percurso da solene procissão eucarística citadina, quando todos se ajoelharam ele manteve teimosamente o chapéu sobre a cabeça, em pé (era de estatura muito elevada) e impassível; até que muitas mãos desconhecidas o puxaram e uma agarrou-lhe o chapéu, o lançou ao vento. Recolhido-o por terra, diante de o crescente murmúrio de uma indignação que aumentava, teve que sair às pressas e de uma forma ruim. 
A qual religião pertences?
Aquele lamentável episódio, mais “tolo” que fanático, o perturbou profundamente. De frente à fé daqueles simples leigos católicos que lhe queriam de verdade bem, embora fosse luterano, viu cair sobre a tela da própria consciência uma mancha de indelével cor vermelha da vergonha. Mais tarde reconhecerá: “Vós – dirigindo-se aos Eitel – fostes os primeiros instrumentos do qual Deus se serviu para conduzir-me à verdadeira fé”.
Algum dia depois, na festa do Sagrado Coração, inesperadamente decidiu de entrar numa igreja católica, despertando não pouca preocupação nos membros da família Eitel, temerosa que pudesse realizar um outro gesto imprudente. Mas ele, envolto nos seus pensamentos, se sentou apenas para escutar, em silêncio, a pregação.
Pouco depois aquele jovem seminarista, Guglielmo Eitel, que vivia com ele, visto o seu estranho comportamento lhe perguntou sem meios termos: “Senhor Schilling a qual religião pertences?”. Ele respondeu: “Graças a Deus à Igreja Luterana Evangélica”. “Quantos sacramentos tendes?” “Dois: o Batismo e a Ceia”. “Não tendes o sacramento da Penitência?”. “O sacramento da Penitência – responde Carlo – o que quer dizer?” Naquele ponto Guglielmo começou a explicar-lhe a verdadeira natureza do sacramento da penitência e ao termino Carlo explode em um grito: “Quero tornar-me católico”.
Mas o bom seminarista, menos entusiasmado devido à delicadeza da situação, o convidou a acalmar-se, na prudência, a não ir “aussi vite”, ou seja, tão rápido nas coisas de Deus. Superado o entusiasmo inicial, Carlo iniciou a conhecer as verdades da fé católica – até à plena adesão a elas. – sob a orientação do capelão das Irmãs da Cruz, Giuseppe Von der Burg, e com a ajudada de Irmã Emília da Cruz, que tanta parte teve no seu crescimento e formação católica, tanto que em 1849, com um grupo de amigos, constituiu uma Seção da Conferência de São Vicente de Paulo, dedicando-se à caridade.
O batismo, um tempo recebido pelo ministro luterano na igreja militar da fortaleza de Akershus (onde sue pai era capitão de cavalaria), foi reconhecido válido, e Carlo fez a sua abjuração solene em 11 de novembro de 1854 na mesma capela das Filhas da Cruz. Depois seguiu-se a primeira comunhão e o jovem neófito começou a participar de todas as manifestações de culto católico.
Entretanto, a história da conversão do “beau norvégien” (belo norueguês), se difundiu rapidamente em todo lugar, tornando objeto também de disputa. Após ter recebido em 26 de maio de 1856 o sacramento da crisma, sabia que devia voltar para a Noruega junto a seu pai, que, embora não aprovasse a sua escolha, entretanto a respeitou, convidando-o para Lapônia, onde havia alguns haveres, e onde – quem sabe, seria capaz de voltar atrás.  
Voltando a Alemanha por breve tempo, retornando novamente para Noruega em 1865, conheceu o barnabita Pe. Paolo Stub (1814-1892) – nativo de Bergen e também ele convertido do luteranismo – que lhe confiou de querer estabelecer em Cristiana a Conferência de São Vicente de Paula. Naquela cidade estava de fato em curso a construção da primeira Igreja católica após a Reforma, a chamada “Missão do Polo Norte” desejada pelo próprio Pio IX, que em 1869 elevou a fundação da Noruega como Prefeitura Apostólica. Começou assim uma fecunda colaboração entre o jovem Carlo e o Pe. Stub, que o levará logo a orientar-se para a vida religiosa na Ordem dos Clérigos Regulares de São Paulo. 
Um estrangeiro alto e forte, um convertido do luteranismo e... além do mais  artista   
Depois de ter fundado com o Pe. Stub a sessão de Cristiana da Conferência de São Vicente de Paula, da qual Carlo foi o primeiro Presidente, em 1868 o mesmo barnabita o convidou para casa da Ordem em Paris, onde lá chegou em 02 de junho do mesmo ano (não imaginando certo de não poder mais retornar para sua amada Noruega). Mal chegou, cansado e faminto, por primeira coisa pediu de receber a Santíssima Eucaristia. Após três semanas, em 1868, foi mandado ao Noviciado de Aubigny-sur-Nère, onde, penetrando-se cada vez mais nos fiordes da perfeição paulina-zaccariana, deu para sempre adeus ao seu amado pincel.
Não tendo feito os estudos clássicos por motivo do seu precário estado de saúde (há tempo sofria de bronquite, que, acentuando pela vida sedentária, lhe causava uma dor insuportável na cabeça), e considerada a sua dificuldade na aprendizagem da língua francesa, foi admitido na Congregação como oblato, devendo, portanto renunciar ao sacerdócio. Recebeu o hábito religioso em 07 de setembro de 1868 e em 21 de novembro de 1869 emitiu os votos temporários, assumindo o nome de Carlo M. Giuseppe. Aos 33 anos de idade fez assim o seu noviciado “com a docilidade de um menino e o fervor de um anjo”, recordava o Pe. Piantoni. 
Quero, quero, ser ordenando         
Quero, sim, quero ser ordenado, assim Carlo M. Schilling se alegrava um pouco pensando de um dia poder retornar – como sacerdote barnabitas – ao seu amado país, para dar uma ajuda ao Pe. Stub que o esperava, depois que, retornando do exílio na Itália, tinha alcançado que se confiasse aos barnabitas a igreja de São Olav, trabalhando junto a dois confrades seus, os padres Giovanni Moro (1827-1904) e Cesare Tondini (1839-1907), empenhados também eles em um não fácil trabalho pastoral entre os católicos de toda Noruega meridional.
O seu fortíssimo desejo era então aquele de emitir os votos solenes, mas um oblato de votos perpétuos constituía uma anomalia. Foi preciso, portanto apresentar a questão ao Papa Pio IX, que, com rescrito de 20 de setembro de 1871, não só lhe abriu caminho aos votos perpétuos e solenes, mas também ao sacerdócio.
Feliz como nunca, começou, portanto um novo ano de noviciado para poder finalmente pronunciar os votos solenes em 18 de dezembro de 1872, e, melhorado um pouco o seu estado de saúde, recebe a tonsura em 08 de março de 1873, as ordens menores em 07 de julho, o subdiaconato em 20 de dezembro, o diaconato em 1875, e, finalmente a tão almejada ordenação sacerdotal na catedral de Bourges pelas mãos de Mons. de La Tour d’Auvergne.
Novas, nuvens, porém sombrias se reuniam no horizonte.
Por motivo da lei discriminatória de 29 de março de 1880, em 04 de novembro do mesmo ano devia deixar Aubigny, junto com todos os seus confrades. Expulsos da Françaa, muitos barnabitas franceses fugiram para a Bélgica, em Mouscron, mas ele acabou no “exilio” em Monza, onde chegou em 13 de novembro de 1880; e depois de ter aprendido um pouco de italiano, foi nomeado Vice Mestre dos Noviços. Apreciado e estimado por todos, não pôde, porém dedicar-se à pregação por causa do seu “imperfeito” italiano.
Entretanto, no ano de 1886 morreu seu pai, perseverante no seu credo protestante, e, tendo quase agora abandonado toda esperança de retornar para Noruega, o Pe. Schilling compôs uma oração para o retorno de seu país à Igreja católica, Papa Leão XIII concedeu 300 dias de indulgencia àqueles que a recitasse:
Ó bom Jesus, humildemente me prostro aos teus pés e te peço pelas tuas santas chagas e pelo teu Sangue precioso que Tu verteste para o mundo inteiro, tem misericórdia dos povos da Escandinávia. Conduzidos fora da reta via por séculos, eles estão agora separados da Tua Igreja e negam o inestimável beneficio do Teu corpo e do teu Sangue e os outros inumeráveis meios de graça que tu instituíste para a consolação dos fiéis na vida e na morte. Lembra, ó Salvador do mundo, que também por estas almas tu verteste o teu Sangue precioso e suportaste um indizível sofrimento. Ó bom Pastor, reconduze estas tuas ovelhas aos pastos férteis da Tua Igreja, assim que eles possam ser um só rebanho junto conosco sob o Teu Vigário aqui na terra, o Bispo de Roma, que na pessoa do Santo Apóstolo Pedro recebeu de Ti a tarefa de proteger os cordeiros e as ovelhas. Escuta, ó misericordioso Jesus, estas nossas súplicas, que Te apresentamos com a firme confiança no amor do Teu Sagrado Coração por nós, e ao Teu Santo Nome seja gloria, honra e louvor por toda a eternidade”.
Após sete anos, Pe. Schilling deixou Monza tendo sido chamado para Mouscron, aonde chegou aos primeiros dias de julho de 1887 e onde se dedicou sem limites para a assistência espiritual e material da população. Apesar do “Padre norueguês” falasse tão mal também o francês, as suas simples palavras de amor a Deus e aos irmãos chegavam claras e diretas ao coração como tantas flechas, e o seu confessionário estava sempre cheio de penitentes. Estando simplesmente no seu lugar, entre oração e penitência, graças ao seu exemplo de doação completa cresceu a sua fama de santidade ao ponto que se iniciou a chama-lo o “Santo de Mouscron”, o “Santo Alto” que se via caminhando pelas ruas, com passo lento, saudando com graça e abençoando a todos, visitando, reconciliando e fazendo jorrar do coração um rápido sorriso de esperança; naquelas suas agradáveis visitas e nas suas interrompidas confissões na igreja consistia todo o seu ministério, que recebia impulso daquele heroico espírito de renuncia a si mesmo, escondido de todos: L’abneget semetipsum do Evangelho. Sobretudo quando teve a certeza que nunca mais retornaria à Noruega, uma vez que após a morte do Pe. Stub, em 1892 em Bergen os Barnabitas haviam abandonado também a sua última casa.
Como anteriormente tinha predito, depois de três meses de doença morreu com fama de santidade em 02 de janeiro de 1907: tinha 72 anos. Desde então a sua tumba é constantemente visitada e em 1924 os Barnabitas de Mouscron se dirigiram ao Bispo de Bruges, Mons. Gustave Waffelaert para pedir-lhe de poder iniciar o seu processo de beatificação. Em 06 de agosto do mesmo ano se procedeu ao reconhecimento do corpo e à inumação canônica.
A causa de beatificação e canonização introduzida em Roma no ano de 1946, após as rogatórias realizadas em Colônia (1928-1929), em Paris (1930), em Roma (1931-1932), e em Milão (1930-1931), seguiu o processo apostólico em Bruges e em Paris no ano de 1950super virtutibus et miraculis, e a conclusão dos outros procedimentos canônicos previstos. Foi declarado venerável pelo Papa Paulo VI com o decreto de 19 de setembro de 1968 pela heroicidade das suas virtudes. 
Pinceladas de virtude: a fé
  Ele que tanto sofreu por causa da sua conversão ao catolicismo – também um Pastor protestante o procurou em Dusseldorf para fazê-lo desistir do seu proposito – ao ponto que toda a Noruega falava do seu caso, amava repetir: “Cinco minutos antes de ser católico eu não sabia nada”. Um dia, após ter celebrado no Carrobiolo de Monza uma Santa Missa solene, lhe perguntaram se tivesse apreciado os melodiosos cantos, a suntuosidade dos paramentos litúrgicos e a delicadeza dos arranjos de flores; ele respondeu: “Meu padre, eu estava de tal modo penetrado na Santa Missa, na renovação do Sacrifício da Santa Cruz, que todas estas coisas exteriores me pareciam sem importância”. 
Pinceladas de virtude: a esperança
  No meio das suas dificuldades que marcaram o período do seu noviciado por causa da doença e da insuficiência dos estudos, ele escreveu: “Tenho como pressentimento que um dia poderei chegar a rezar a Santa Missa”.
  Mais tardem não somente acorriam aos milhares ao seu confessionário de todo o norte-oeste da Bélgica e do norte da França para encontrar nele a esperança de retomar o próprio caminho cristão, mas também no momento da morte ele mesmo se abandonou confiadamente ao seu Senhor dizendo: “O religioso é feliz quando atinge o fim de sua carreira”. 
Pinceladas de virtude: a caridade para com Deus
Repetindo continuamente e com grande sentimento de amor: “O bom Deus” pode se dizer que nada conheceu alem da oração e do apostolado, superando todo obstáculo para a glória de Deus e a salvação das almas. Um amor heroico que o levou a dizer aos franciscanos: “Eu gostaria ficar maior tempo possível na terra, para sofrer pelo bom Deus”.
Pinceladas de virtude: a caridade para com o próximo
Se aos seus confrades se dirigia sempre com a expressão: “Meu querido Padre”, acentuando levemente a palavra “Querido” para fazer entender que não era por anda um ato formal, para com os homens provava uma profunda misericórdia passando também dias inteiros no confessionário, e dedicando-se à assistência dos pobres e dos doentes visitando-os em duas habitações. Tudo isto lhe mereceu o título de “Apostolo de Mouscron”. Entre os tantos um único episódio: ouvido que um socialista gravemente doente recusava os confortos religiosos, se dirigiu junto a ele e prostrando-se por terra rezou por duas horas e 15 minutos, até que o pecador recebeu os sacramentos. A sua caridade se estendia também para com os seus compatriotas, e quando um confrade seu criticou os protestantes, ele respondeu: “Não faleis assim, não os conheceis, não digais algo de mal desta pobre gente induzida ao erro, vós não conheceis mesmo a piedade e virtude que eu tenho ai encontrado”. O seu coração já palpitava pela unidade dos cristãos. 
Pinceladas de virtude: a fortaleza 
Mas, basta nomear apenas a virtude da fortaleza para entender quem foi verdadeiramente o Pe. Schilling. Virtude exercida em muitas ocasiões: desde o dia da sua conversão heroica (aceitando também a incompreensão familiar: seu pai e seu irmão mais novo Carlo que tanto insistiram para o seu retorno ao luteranismo), o abandono da sua pátria, dos amigos, dos admiradores do seu talento pitoresco: “Que pecado! O autor... se fez católico”, o confisco dos seus bens por obra do Governo norueguês, o abandono para sempre do seu amado pincel; e depois, acolhendo com energia inesperada os deveres e as fadigas da vida religiosa, as suas renuncias e humilhações, com um contentamento interior e um amor à vida verdadeiramente surpreendente: “Eu queria sempre viver, a fim de poder sempre sofrer”.
Porque, no final, o Pe. Schilling, no seu porte assim austero e no mesmo tempo cheio de dignidade, no seu modo de ser doce e acolhedor quanto firme e prudente, conduzia a própria batalha mais que contra o mal físico que o consumia, contra aquela tristeza de animo que detestava mais que qualquer coisa: “A tristeza é o maior mal que pode nos acontecer depois do pecado mortal, porque torna a alma incapaz de servir a Deus”. A partir daí tendo sempre nos olhos as belas paisagens naturais de sua terra natal, o convite a uma fé madura, assim como os nossos cansados dedos possam ao fim da jornada possa ter, como sobre um pincel, a cor verde da esperança: “Deixemos que o bom Deus faça, deixa que o bom Deus faça”. 
Esperando um milagre     
As suas últimas palavras pronunciadas antes de morrer foram: “Meu Jesus fazei que eu vos ame mais e mais”. Ele, que convertido do luteranismo se foi deste mundo sussurrando apenas com o exemplo da sua vida, o convite: “Sejais santos, grandes santos”, tinha bem compreendido e vivido o grande ideal da perfeição ensinado por Santo Antonio Maria Zaccaria, aquele seu desejo “crescer nas grandes perfeições” (Carta IX).
Atribuem-se inumeráveis graças e se espera com confiança aquele milagre que permitirá ao Venerável de ser chamado de Beato. Quem receber graças por intercessão de Pe. Carlo M. Schilling comunique, por favor, ao Postulador Geral, Piazza Benedetto Cairoli, 117, 00186 Roma. 

Artigo original em italiano escrito pelo Pe. Filippo Lovison CRSP, extraído da Revista: Eco dei Barnabiti. Ano XCIII. N. 2 - Junho 2013. Roma – Itália.
Tradução: Pe. Victor M. Baderacchi, CRSP, e Jaciel Baracho, religioso barnabita.
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