Nem sempre é fácil fazer
da palavra um bálsamo que cure as feridas e as marcas de um tempo de dores e
sofrimentos. Muitas palavras chegam como tempestades arrancando a paz da alma.
Outras chegam como uma brisa serena, refrescando o calor das emoções que esperam
o momento crucial para explodir em momentos de raiva.
Jesus fez da palavra uma maneira humana de devolver a vida aos
territórios da alma que se encontravam seca e sem esperança. Nas Palavras de
Cristo, há a chance de recomeçar e a alegria das possibilidades escondidas no
recomeço que dependia da acolhida de cada ouvinte. No vocabulário da vida, cada
pessoa encontrava o direito de trilhar outros contextos de uma história que
poderia ser reescrita com as marcas de um novo tempo.
Ao longo do dia, pronunciamos
uma infinidade de palavras. Algumas nascem de nossas revoltas e contradições;
outras já estavam guardadas no baú de nossas maldades, esperando somente o
momento de desferirem o golpe fatal que deixaria marcas eternas na alma de
alguém. O dicionário da alma pode
produzir frutos de amor ou destruir canteiros de sonhos.
Quando o filho pródigo
retornou para a casa do pai em busca de acolhimento, encontrou palavras de
amor. O pai não lhe pediu explicações, pois ao olhar para o filho, já sabia que
sua vida tinha se tornado uma tristeza. Não era preciso palavras naquele
momento, apenas o olhar amoroso já expressava o que era necessário.
Em muitos momentos,
perdoamos a quem nos ofendeu. No entanto, precisamos, antes, apresentar uma
lista dos erros de quem nos magoou. O perdão é concedido mediante a lembrança
de um passado que não deu certo. Antes do perdão surgem as palavras que fazem a
ferida da alma sangrar com mais força.
Diante do pecado da
mulher flagrada em adultério, Jesus não pediu explicações. Perdoou e
incentivou-a a não pecar novamente. O perdão foi concedido sem uma carta de
acusações. A palavra de ternura a libertou dos erros passados e ela teve a
oportunidade de recomeçar a sua história a partir de novos parágrafos de
esperança.
Nossas palavras somente serão
um bálsamo quando o vocabulário de nossa alma tiver a ternura da misericórdia
do amor de Deus. Quem faz das palavras
uma arma para ferir o próximo cria dentro do seu próprio coração um campo de
batalhas que aos poucos vai exterminando a si mesmo.
Por Carlos Eduardo: