O Papa Francisco celebrou, na manhã desta Quinta-feira Santa, 24, na
Basílica de São Pedro, no Vaticano, a Missa do Santo Crisma, durante a qual são
abençoados os óleos dos catecúmenos e dos enfermos.
Na sua homilia, na presença de milhares de sacerdotes, o Papa partiu da
primeira pregação de Jesus na sinagoga de Nazaré, que marcava o início da sua
vida pública terrena. Mas, seus conterrâneos não quiseram ouvi-lo, pelo contrário,
rejeitaram-no por ele ser o filho de José, o carpinteiro.
E precisamente onde o Senhor anuncia o evangelho da Misericórdia
incondicional do Pai para com os mais pobres, os mais marginalizados e
oprimidos, aí, disse Francisco, somos chamados a escolher, a «combater o bom
combate da fé».
Combate não é contra homens
“A luta do Senhor não é contra os homens, mas contra o demônio, inimigo
da humanidade. Assim o Senhor, passando pelo meio daqueles que o queriam
detê-lo, prosseguiu o seu caminho. Jesus não combate para consolidar um espaço
de poder, mas para abrir uma brecha à torrente da Misericórdia que deseja, com
o Pai e o Espírito, derramar sobre a terra. Uma Misericórdia que anuncia e traz
algo de novo: cura, liberta e proclama o ano de graça do Senhor!”
De fato, a Misericórdia do nosso Deus é infinita e inefável; é uma Misericórdia a caminho, que avança sempre em uma terra onde reinavam a indiferença e a violência. Eis a dinâmica do bom Samaritano, que usou de misericórdia e de amor. «Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia»! E dirigindo-se, de modo particular, aos numerosos sacerdotes presentes, o Pontífice exortou:
Ministros da misericórdia
“Como sacerdotes, somos testemunhas e ministros de uma Misericórdia cada
vez maior do nosso Pai; temos a doce e confortadora tarefa de a encarnar na
terra, como Jesus fez ao andar, por toda a parte, fazendo o bem e curando, para
que a sua misericórdia chegasse a todos. Devemos contribuir para a sua
enculturação, a fim de que cada pessoa a receba, a compreenda e a pratique”.
Hoje, explicou o Papa, nesta Quinta-feira Santa do Ano Jubilar da
Misericórdia, “gostaria de falar de dois âmbitos onde o Senhor excede na sua
misericórdia: o encontro e o perdão. Com o encontro, Deus se esmera em
Misericórdia e se entrega totalmente, como na parábola do Filho pródigo. Logo,
devemos contemplar, glorificar e agradecer esta superabundância da graça e da
bondade do Pai.
Perdão
Neste sentido, Francisco passou ao segundo âmbito da Misericórdia
divina: o perdão.
“A nossa resposta ao perdão superabundante do Senhor deveria consistir
em manter-nos sempre naquela tensão saudável entre uma vergonha dignificante e
uma dignidade que sabe envergonhar-se: atitude de quem procura humilhar-se e
rebaixar-se, mas capaz de aceitar que o Senhor o eleve para benefício da
missão: ‘Vós sereis chamados “sacerdotes do Senhor”, e nomeados “ministros do
nosso Deus’. O Senhor transforma o povo pobre, faminto, prisioneiro de guerra,
sem futuro, descartado, em povo sacerdotal”, explicou o Papa.
Neste sentido, o Santo Padre adverte os sacerdotes a identificar-se com
aquele povo descartado, que o Senhor salva, lembrando-se de que existem
multidões inumeráveis de pessoas pobres, ignorantes e prisioneiras por causa
daqueles que as oprimem. Por isso, recorda que nós, tantas vezes, somos cegos,
privados da luz maravilhosa da fé, devido ao excesso de teologias complicadas e
de espiritualidades superficiais, que nos tornam prisioneiros e oprimidos.
Comunicar a Misercórdia
E concluiu, afirmando que “Jesus vem resgatar-nos, libertar-nos,
transformando-nos de pobres e cegos, de prisioneiros e oprimidos em ministros
da Misericórdia e da Consolação. Neste Ano Jubilar, celebremos o nosso Pai, com
toda a gratidão do nosso coração, suplicando-lhe a recordar-se sempre da sua
Misericórdia”! Peçamos-lhe que nos lave de todo o pecado e nos livre de todo o
mal”.
Com a graça do Espírito Santo, disse por fim o Papa, procuremos
comprometer-nos a comunicar a Misericórdia de Deus a todos os homens,
praticando as obras que o Espírito suscita em cada um para o bem comum de todo
o povo fiel de Deus!