Aprofundaremos
um aspecto da doutrina de nosso Santo que nos revela qual foi a tática que
usava na direção das almas. Em outras palavras, estaremos observando Santo Antônio
como diretor espiritual.
Não
é difícil estabelecer quais foram os critérios que orientaram o trabalho
interior das almas dirigidas pelo Santo. Temos uma Carta por ele escrita quando
estava no fervor de sua primavera sacerdotal, tendo já deixado Cremona,
enquanto colocava as bases, em Milão, das obras que perpetuariam seu nome na
história. A Carta é dirigida a um advogado que tinha - tudo nos motiva a crê-lo-
um papel de primeiro escalão no Cenáculo cremonense.
O
exercício que levará Carlos Magni à perfeição “é bastante grande e longo e de
muito tempo”. É necessário, pois, adotar um método bem preciso. Em primeiro
lugar, “faça suas orações pela manhã, à tarde, em qualquer hora, preparando-se
antes, ou de acordo com a ocasião; de todas as maneiras: deitado na cama,
ajoelhado, sentado, ou de qualquer outro jeito que você quiser, principalmente
antes de começar as atividades do dia; que essas orações não tenham formas já
estabelecidas, e durem um pequeno espaço de tempo, ou longo, conforme Deus
permitir”.
Uma
vez que para a vida espiritual verdadeira é necessária esta continua referência
a Cristo, Pastor de nossas almas, o Sr. Magni deverá chegar a tal grado de
recolhimento interior, que lhe permita uma “frequente elevação da mente” e o
leve à “perpetuidade de oração”.
Tendo
chegado a este ponto, deverá se comportar como se falasse com um amigo ao qual
não poderá dedicar todo o seu tempo por causa do seu trabalho de advogado, mas
a quem dirigirá uma saudação inicial, intensa e cordial, e a quem,
interrompendo o seu trabalho por um tempo breve, voltará a olhar para ele ou
lhe falará “alguma palavra”. Si você pratica este costume, lhe assegura SAMZ, alcançará
o habito da oração de forma fácil e sem danos para as suas ocupações ou para a
sua saúde e a ação exterior não impedirá a elevação da mente a Deus e ação
interior.
Acostumado
a “raciocinar familiarmente” com Cristo sobre todo assunto, tendo alcançado um
alto grau de recolhimento, ainda que se encontre no mais fundo das suas
ocupações, poderá permanecer em contato com Deus e a Ele elevar constantemente
o pensamento e a oração. Carlos Magni se entregará a uma luta sem quartel ao “defeito
e vício que é o capitão geral”. Deverá continuar esta tática “fixando,
sobretudo seus olhos em matar” o defeito principal. Esforçar-se-á por eliminar
ainda os outros que esbarram o seu caminho, fazendo como faz quem quer matar o
chefe de um exército, posicionado no meio de esquadrões. Enquanto tem sempre os
olhos fixos nele, abre caminho, matando a muitos que o impedem chegar à meta.
Está
tão seguro SAMZ de ter dado sugestões indispensáveis e muito úteis que pede ao
Sr. Magni que leia quanto lhe foi escrito “com os fatos e não só com as
letras”, assegurando-lhe que além da sua própria alma tem a responsabilidade de
procurar, também, a salvação do próximo. Se observar quanto lhe foi dito,
“Se você usar este método, eu lhe garanto que conseguirá grande progresso e
sentirá nascer em si maior união com o Cristo e maior amor por Ele. Não digo mais
nada, pois só a experiência será suficiente”.
Viver
este método é difícil, mas não impossível.