Hoje é o dia
internacional da mulher, razão de falarmos da dignidade especial daquela que é
o coração da família. Sua dignidade há que ser ressaltada, pois a crise atual
da família atinge especialmente a mulher. “Na nossa época, o matrimônio e a
família estão em crise. Vivemos numa cultura do provisório, na qual cada vez mais
pessoas renunciam ao matrimônio como compromisso público. Esta revolução nos
costumes e na moral agitou com frequência a ‘bandeira da liberdade’, mas na
realidade trouxe devastação espiritual e material a numerosos seres humanos, de
maneira especial aos mais vulneráveis. É cada vez mais evidente que o declínio
da cultura do matrimônio está associado a um aumento de pobreza e a uma série
de numerosos outros problemas sociais que atingem em medida desproporcional as
mulheres, as crianças e os idosos. E são sempre eles quem mais sofre nesta
crise” (Papa Francisco, Discurso aos participantes no encontro internacional
sobre a complementaridade entre homem e a mulher, 17/11/2014).
Foi o
cristianismo que salvou a dignidade da mulher! A história, nos testemunhos de
Juvenal e Ovídio, nos conta que a moral sexual e a fidelidade conjugal, antes
do cristianismo, estavam em extrema degradação. Constatamos isso, vendo
atualmente a situação da mulher nos povos que não têm o cristianismo. No começo
do século II, Tácito afirmava que uma mulher casta era um fenômeno raro.
Galeno, o médico grego do século II, ficava impressionado com a retidão do
comportamento sexual dos cristãos. Os próprios historiadores são obrigados a
confessar que foram os cristãos que restauraram a dignidade do matrimônio.
O
cristianismo estendeu o conceito de adultério também à infidelidade do marido,
pois no mundo antigo ele só se limitava à infidelidade da esposa. O
cristianismo santificou o matrimônio, elevando-o à ordem de sacramento,
proibindo o divórcio, que prejudica, sobretudo, a mulher. O cristianismo, ao
contrário da mentalidade machista, iguala o pecado do homem e da mulher: o
sexto e o nono mandamentos valem igualmente para os dois.
As mulheres
encontraram na Igreja, conforme a sua própria condição, seu lugar digno:
foi-lhes permitido formar comunidades religiosas dotadas de governo próprio,
dirigir suas próprias escolas, conventos, colégios, hospitais e orfanatos,
coisa impensável no mundo antigo (cf. Thomas E. Woods Jr, “Como a Igreja
Católica construiu a civilização ocidental”).
O homem e a
mulher são seres humanos, em grau igual, ambos criados à imagem de Deus. Mas,
“a igualdade de dignidade não significa ser idêntico aos homens. Isso só
empobrece as mulheres e toda a sociedade, deformando ou perdendo a riqueza
única e valores próprios da feminilidade. Na visão da Igreja, o homem e a
mulher foram chamados pelo Criador para viver em profunda comunhão entre si,
conhecendo-se mutuamente, para dar a si mesmos e agir em conjunto, tendendo
para o bem comum com as características complementares do que é feminino e
masculino” (S. João Paulo II, Mensagem sobre a mulher, 26/5/1995).
Por: Dom Fernando Arêas
Rifan, Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney (RJ).
Fonte: cnbb.org.br