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Os barnabitas e a devoção ao Sagrado Coração de Jesus‏

27 de junho de 2014

DE SACRATISSIMI CORDIS IESU DEVOTIONE ET BARNABITIS

Sabemos que a origem da devoção ao Sagrado Coração de Jesus teve início na França do século XVII por obra da religiosa irmã Margarida Maria Alacoque, da Ordem da Visitação, que se tornou santa. Ela teve revelações do próprio Jesus que a incumbiu de propagar a devoção ao seu Sagrado Coração. Há relatos que o Sagrado Coração de Jesus já era cultuado na Idade Média, porém, a partir do século XVII, em Paray-le-Monial na França, por meio de Margarida Maria Alacoque foi que o culto ao Sagrado Coração de Jesus se desenvolve com maior força e se espalha pela Igreja.
A devoção ao Sagrado Coração de Jesus entre os barnabitas se inicia poucos decênios após as aparições do próprio Jesus a santa Margarida Maria Alacoque, que de Paray-le-Monial (França) chega à Itália por volta do ano 1748 através do jovem barnabita Giovanni Percoto na época estudante de filosofia, e que depois se tornará Vigário Apostólico no reino de Ava e Pegù, atual Birmânia, onde os barnabitas estiveram em missão por cem anos, e bispo auxiliar de Maxula Prates (antigo bispado da província romana Proconsularis na África que pertencia à diocese de Cartago, hoje na atual Tunísia). Com seu entusiasmo Giovinni Percoto contagiou outros estudantes barnabitas na devoção ao Sagrado Coração de Jesus, chegou a publicar um livro intitulado: Devoção ao Sagrado Coração de Jesus, publicado em 1752 e reeditado em 1770.
É com Giovanni Percoto que se introduz entre os barnabitas a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, e se espalhará entre os demais estudantes barnabitas e casas de formação e colégios, entre eles o colégio de São Barnabé, em Milão, diante da iniciativa de Giovanni Percoto, segundo as palavras do padre Gentili: “a devoção dos barnabitas ao Sagrado Coração de Jesus constitui um dos capítulos mais importantes na história da nossa espiritualidade” (2012, p. 379).
Com a difusão da devoção ao Sagrado Coração de Jesus por várias partes da Europa impulsionada pelos jesuítas. Na Itália o padre jesuíta Joseph Gallifet era o cabeça do movimento, chegando a escrever um livreto sobre o culto ao Sagrado Coração de Jesus, que por sua vez, foi revisado pelo Padre Mario Macabbei, indicado pelo Santo Oficio para tal tarefa, mais tarde se tornou Superior Geral dos barnabitas (1731-1737). Em sua revisão não encontrou desvios teológicos no livreto aprovando com as seguintes palavras: “não nocivo à fé ou aos bons costumes e bastante útil à virtude e a perfeição” (GENTILI, 2012, p.382).
Assim sendo, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, foi se espalhando e seu culto atingindo diversas congregações. Diante do avanço dessa devoção, e já com o incentivo dado por Giovanni Percoto entre os estudantes barnabitas, em 1767, o capítulo geral dos barnabitas favorece o uso do Oficio e a Missa ao Sagrado Coração de Jesus, como forma de promover a piedade máxima entres os membros da Congregação.
Em 02 de janeiro de 1765 viria de Roma a aprovação da festa em honra ao Sagrado Coração de Jesus, sobre o pontificado de Clemente XIII, porém limitava-se em celebrá-la na Polônia e em Roma. Depois a festa se expandiu por toda a Igreja, sendo celebrada na sexta-feira após a oitava da solenidade de Corpus Christis.
A devoção ao Sagrado Coração de Jesus que ao mesmo tempo em que se expandia na Igreja ganhando o apreço das autoridades eclesiásticas e por parte dos fiéis, também encontrou resistência por parte dos jansenistas que eram contrários à devoção, pois para eles o culto ao Sagrado Coração de Jesus era uma espécie de idolatria, pois incentivava a adoração do músculo do qual é formando o coração, ou seja, daria a ideia de que se estava adorando algo material.
Em 1794 o papa Pio VI rebateu as acusações dos jansenistas por meio da bula pontifícia: Autcorem fidei, na qual condenava os erros dos jansenistas e afirmava o culto ao Sagrado Coração de Jesus. Durante este ínterim, o padre Angelo Cortonovis, barnabita, por meio de uma carta, rebatia as acusações dos jansenistas: “Por que então tanto furor (contra o culto ao Sagrado Coração?), por que tanta apreensão? Não é o fruto de tal devoção às almas manifesto?” (GENTILI, 2012, p. 383).
Vencidos os obstáculos que surgiram contra a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, no ano de 1856, o papa Pio IX estendeu à toda a Igreja a festa ao Sagrado Coração de Jesus.
No desenvolver do século XIX, nascia a revista “O Mensageiro do Sagrado Coração”, fruto dos padres jesuítas, mas que contou na Itália com a ajuda do padre Donato Maresca, barnabita, que em 1860 incentivou a devoção ao Sagrado Coração de Jesus na igreja dos padres barnabitas em Parma. Em 1864 padre Maresca juntamente com o padre jesuíta Ramière deu início ao trabalho de traduzir para a língua italiana a revista “O Mensageiro do Sagrado Coração”, sendo nomeado como diretor chefe da revista em solo italiano. Apesar das dificuldades que encontrou, padre Maresca continuou seu apostolado na difusão ao culto do Sagrado Coração de Jesus, e em 1869, quando o reino da Bélgica se consagra ao Sagrado Coração de Jesus, ele escreve: “Confiamos que chegará o tempo no qual os católicos italianos com maior esplendor e energia imitarão o exemplo que fora dado pela Bélgica católica” (GENTILI, 2012, p.384).
O papa Pio IX recebeu por parte dos cardeais, bispos, superiores das Ordens religiosas e por parte dos fieis o pedido de consagrar as dioceses italianas ao Sagrado Coração de Jesus. Neste ato, o desejo de padre Maresca torna-se realidade em ver a Igreja na Itália sendo consagrada ao Coração de Jesus durante os anos de 1871 a 1875.
No mesmo ano de 1871, em Roma, na igreja dos barnabitas de São Carlos ai Catinari, o então Superior Geral dos barnabitas consagra a Congregação dos Padres e Irmãos Barnabitas ao Sagrado Coração de Jesus, diante do Santíssimo Sacramento em forma de gratidão pelas bênçãos derramada sobre a Congregação.
A sede da revista “O mensageiro do Sagrado Coração” se encontrava em Bolonha, onde em 1875, na catedral da mesma cidade, houve o ato de consagração. O mesmo acontecia em São Carlos ai Catinari, em Roma, que se tornou, nas palavras do padre Gentili (2012), um importante centro de difusão ao Sagrado Coração de Jesus para os padres barnabitas. Em 1887 durante a comemoração do jubileu sacerdotal do papa Leão XIII nascia em Roma por iniciativa dos padres barnabitas, a revista “O devoto do Sagrado Coração”, cujo objetivo era informar aos devotos as obras e instituições criadas para a glorificação ao culto do Sagrado Coração de Jesus.
No ano de 1891 falece o padre Maresca após uma vida de entrega à propagação do culto ao Sagrado Coração de Jesus. Também é justo mencionar a participação do padre Vitale (1849-1916) que substituiu o padre Maresca como diretor chefe da revista “O Mensageiro do Sagrado Coração”, foi responsável pela criação dos congressos do Apostolado da Oração, sendo a cidade de Palermo, na Sicília, a sede do primeiro congresso do Apostolado da Oração. Além dos esforços dos padres Maresca e Vitale, houve outros padres barnabitas que se entregaram ao apostolado da difusão ao culto ao Sagrado Coração de Jesus, tais como: o padre Matera de Napolis, padre Innocente Gobio de Monza, o padre Alessandro Teppa de Piemonte, os padres Minelli, Ranuzzi, Baravelli, Almerici, o Cardeal Granniello, homens que contaram também com a ajuda de leigos como a nobre Caterina Volpicelli, hoje beata da Igreja e a princesa Clotilde Napoleone.
Dentro da história barnabítica na difusão ao culto ao Sagrado Coração de Jesus, não apenas os padres barnabitas na Itália se lançaram no apostolado em difundir o culto ao Sagrado Coração de Jesus, a Congregação também encontrou forças em terras francesas onde nossos padres já desenvolviam seu apostolado. Os barnabitas franceses desenvolveram missas, horas santas, adorações em honra ao Sagrado Coração, fundaram a Sociedade dos Filhos do Sagrado Coração, cujo objetivo era difundir entre as famílias a devoção ao Sagrado Coração, em que a regra fora aprovada pelo Superior Geral da Congregação e pelo arcebispo de Paris, o então Cardeal Guibert.
Após a morte do padre Vitale, a direção das revistas “O Mensageiro do Sagrado Coração” e “O devoto” passaram para as mãos dos padres jesuítas, já que na Itália “O Mensageiro” teve sua origem com os padres jesuítas na França e, por conseguinte, a revista “O devoto” seguiu o mesmo destino, sendo agora dirigidos pelos jesuítas da Itália.
Cabe aos barnabitas a honra de durante o século XIX serem os propagadores ao culto do Sagrado Coração de Jesus na Itália, desenvolvendo tão precioso apostolado para o bem da Igreja e para a edificação dos fieis a eles confiados, registrando na história da nossa Congregação este capítulo glorioso que deve ser conhecido por todos os religiosos barnabitas, pois é algo digno de louvor, em que os barnabitas de hoje ao olharem o passado de nossa Congregação encontrarão páginas que foram escritas com bastante labor e que deram frutos de santidade e piedade impulsionando a renovação de nossa Congregação. Como já foi citado neste artigo, a devoção dos barnabitas ao Sagrado Coração de Jesus constitui umas das páginas mais importantes da história da nossa espiritualidade!
Por:







REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
GENTILI, Antonio Maria. I Barnabiti: Manuale di storia e spiritualità dell’Ordine dei Clerici regolari di san Paolo Decollato. Roma: 2012.
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