Queridos irmãos e irmãs,
Saudações no Cristo Rei!
Chegamos ao XXXIV Domingo do Tempo Comum e
concluimos mais um tempo litúrgico na vida da Igreja.
Até que o Senhor venha (Parusia) vamos vivendo com
intensidade os ciclos litúrgicos da Igreja. A liturgia é um verdadeiro advento.
Esse ano nos foi narrado nas liturgias dominicais o Evangelho de São Marcos. Com
ele aprendemos, por meio de suas catequeses, quem é Jesus e acompanhamos a vida
cotidiana de Jesus. Jesus é o Filho de Deus, o Filho do Homem, o Enviado do Pai
e Aquele que passa a sua vida fazendo o bem.
Então para marcar o fim de seu trajeto, mas hoje
com a catequese do Evangelista João, celebramos a Solenidade de Jesus Cristo,
Rei e Senhor do Universo.
A Palavra de
Deus que neste último domingo do ano litúrgico nos exorta a tomar consciência
da realeza de Jesus e; deixa miito claro, no entanto, que
essa realeza não pode ser entendida à maneira dos reis deste mundo: é uma
realeza que se concretiza de acordo com uma lógica própria, a lógica de Deus. O
Evangelho, especialmente, explica qual é a lógica da realeza de Jesus.
A primeira leitura anuncia que Deus vai intervir no
mundo, a fim de eliminar a crueza, a ambição, a violência, a opressão que
marcam a história dos reinos humanos. Através de um “filho de homem” que vai
aparecer “sobre as nuvens”, Deus vai devolver à história a sua dimensão de
“humanidade”, possibilitando que os homens sejam livres e vivam na paz e na tranquilidade.
Os cristãos viram nesse “filho de homem” vitorioso um anúncio da realeza de
Jesus.
Na segunda leitura, o autor do Livro do Apocalipse
apresenta Jesus como o Senhor
do Tempo e da História, o princípio e o fim de todas as coisas, o “príncipe dos
reis da terra”, Aquele que há-de vir “por entre as nuvens” cheio de poder, de
glória e de majestade para instaurar um reino definitivo de felicidade, de vida
e de paz. É, precisamente, a interpretação cristã dessa figura de “filho de
homem” de que falava a primeira leitura.
O Evangelho narra, num quadro dramático, Jesus assumindo a sua condição de rei diante de
Póncio Pilatos. A cena revela, contudo, que a realeza reivindicada por Jesus
não assenta em esquemas de ambição, de poder, de autoridade, de violência, como
acontece com os reis da terra. A missão “real” de Jesus é dar “testemunho da
verdade”; e concretiza-se no amor, no serviço, no perdão, na partilha, no dom
da vida.
Assim, nós, os que aderimos a
Jesus e optamos por integrar a comunidade do Reino de Deus, temos de dar
testemunho da lógica de Jesus. Mesmo contra a corrente, a nossa vida, as nossas
opções, a forma de nos relacionarmos, devem ser marcados por uma contínua
atitude de serviço,de dom gratuito, de respeito, de partilha, de amor. Como
Jesus, também nós temos a missão de lutar contra todas as formas de exploração,
de injustiça, de alienação e de morte. O reconhecimento da realeza de Cristo nos
exorta a colaborar na construção de um mundo novo, do Reino de Deus.
Por: André Maria C. M. Carvalho, religioso barnabita.