Caros irmãos e irmãs,
Saudações no Crucíficado Vivo!
Hoje Jesus quer ensinar aos discípulos e a nós que é
a verdadeira esperança. Por isso, completa o discurso sobre a sua última vinda.
Para que a esperança não se torne utópica e não crie ilusões fáceis, Jesus
une-a a fé. A fé nos une, desde já, ao Senhor e à sua morte e ressurreição.
Unindo a esperança à fé, ficamos sabendo quem esperamos, e não nos interessa
quando ou como isso acontecerá.
Jesus ilustra o ensinamento com dois exemplos: o de
Noé e o de Lo. Só aparentemente estes dois fatos históricos evidenciam o
carácter improviso e repentino do dilúvio, no caso de Noé, e da chuva de fogo,
no caso de Lo. O que Jesus quer acentuar é a necessidade de estar prontos
quando Deus se manifestar no seu poder: prontos a reconhecê-lo, prontos para
ser introduzidos na alegria eterna e na comunhão com Ele. O verdadeiro ensinamento
de Jesus é, pois, este: não devemos considerar apenas Noé e Lo como figuras de
crentes, mas também os seus contemporâneos, representados pela mulher de Lo.
Viviam esquecidos de Deus e preocupados com os bens terrenos: foi nessa
situação que foram surpreendidos. É a sua indiferença perante a imprevisível
intervenção de Deus, e a sua cegueira espiritual, é a sua incapacidade para se
darem conta da dramaticidade dos tempos que atrai a atenção de Jesus, do
evangelista e a nossa.
Jesus nos convida a fazer bom uso da memória. É bom
revisitarmos a história para nos darmos conta das visitas de Deus, e
adquirirmos sabedoria que nos permita viver adequadamente o presente e preparar
o futuro. A história é mestra de vida, diziam os antigos. No caso de hoje,
somos convidados a revisitar o Antigo Testamento que, para nós cristãos, é uma
fonte de ensinamentos sempre válida e atual.
A memória do crente leva-o a captar nos eventos
históricos as mensagens que Deus nunca deixa faltar àqueles que o reconhecem. A
memória do passado, e a contemplação das intervenções de Deus, tornam-se, pois,
critério de diagnóstico de quanto acontece aqui e agora, e permite-nos
prosseguir a nossa caminhada, rumo ao futuro.
Por: André Maria
C. M. Carvalho religioso barnabita.