Queridos irmãos e irmãs,
Saudações no Cristo Crucificado!
Nota-se que Jesus, depois de ter falado da fé, se
dirige aos apóstolos e, por meio da parábola do servo lhes recomenda que se
façam servos de todos. Mais uma vez, Jesus acentua que, na lógica do Reino, não
conta tanto o que se faz quanto a intenção, o estilo, o método com que se faz.
Não recomenda uma humildade genérica, ou protocolar: o que lhe interessa
realmente é o que pensam e pretendem fazer os apóstolos, quando se põem ao seu
serviço e ao serviço da sua causa.
Deus não precisa de nós, nem das nossas ajudas; mas
quer colaboradores em total sintonia com o seu projeto de salvação, aqui e
agora personificado em Jesus de Nazaré.
Servos inúteis, isto é, comuns, simples. O que
Jesus quer que os apóstolos interiorizem é a atitude que, ele mesmo,
demonstrará na véspera da paixão: depor o manto, servir os irmãos e, no fim,
julgar-se e declararem-se servos inúteis.
O Vaticano II exorta a todos o dever de viver como
servos na Igreja e no mundo para bem dos irmãos. É uma tarefa que deriva da
graça do Batismo, que faz nascer em nós o direito e o dever de nos
interessarmos pelo bem-estar dos irmãos, em força da graça recebida.
O que Jesus diz aos apóstolos, São Lucas também o
atribui a Maria. Na Anunciação, Maria responde ao Anjo: Eis a serva do Senhor. Mais adiante, no Magnificat, oração de
louvor e de ação de graças, Maria exclama:
Ele olhou para a sua humilde serva.
Por vezes encontramos pessoas dispostas a servir os
outros, mas sem mostrarem vontade de assumir este comportamento evangélico,
cheio de caridade, de absoluta gratuidade e de profunda humildade.