Se os três capítulos anteriores
debatiam sobre a justiça, os capítulos a seguir 4-5 focalizam o tema da
salvação, esta série de oráculos é atribuída, em geral, a profetas diferentes e
anônimos. Por isso o conteúdo destes oráculos limita-se a três pontos
essenciais:
v O
primeiro consiste na contraposição entre o “o fim dos dias” (4,1) e o “agora”
(4,9ss);
v O
segundo é o lugar de onde sairá à salvação: “E tu, Jerusalém” (4,8), “e tu,
Belém” (5,1);
v O
terceiro é o conteúdo da salvação: “será” (5,4.6.7.9). Para os falsos profetas
terá matiz nacionalista e cruel com os outros povos (5,4-5.7-8).
v Mq
diz (5,6) tratar-se de salvação sem violência, benéfica para todos e que os
inimigos de Deus a serem eliminados não são as potências estrangeiras. Mas sim exércitos,
fortalezas, adivinhos, falsas divindades (5,9-14).
A
superação do castigo (caps. 4-5)
Ø No
futuro, não agora (4,1-14)
Ø Não
vem de Jerusalém (4,8), mas de Belém (5,1-3)
Ø Não
cruel, mas benéfica para todos (5,4-8)
Ø Requer
a purificação (5,9-14)
O capitulo (6) nos situa no
âmbito de processo. Aonde o povo só vê um modo de se aproximar de Deus: através
do culto (6,6-7), mas Miquéias os lembra que o único caminho, o mais antigo e o
mais importante é aquele que passa pela justiça e fidelidade. No capitulo (7,
1-7) Miquéias afirma nesta lamentação que ninguém pode confiar em ninguém,
sequer nas pessoas mais íntimas.
O
julgamento de Deus (caps. 6-7)
Ø Convocatória
e acusação de ingratidão (6,1-5)
Ø Rejeição
do culto e exigência de justiça e fidelidade (6,8-9)
Ø Não
há justiça (6,9b -16)
Ø Não
há fidelidade (7,1-7)
Ø Aceitação
do castigo divino, reconhecimento do pecado e certeza do perdão (7,7-20)
O
problema da autenticidade
Bem mais complicado do que os capítulos
anteriores (2-3), é o problema dos caps. 4-5. Pois alguns estudiosos recusam-lhes
toda relação com Miquéias (Robinson, Pfeiffer,Sellim e Fohrer). Outros atribuem
ao profeta só alguns oráculos: 4,9-14; 5,1-5.9-13 (Nowack); 4,11; 4,14; 5,4a -
5b; 5,9-13 (Deissler); 4,9-14; 5,1-5.9-13 (Weiser); 5,9-14 (Eissfeldt).
A base desta recusa quase
unânime da autenticidade está ligada a quatro pontos: a) Miquéias é conhecido
pela tradição do século seguinte como profeta de castigo, não de salvação (cf.
Jr 26,18); b) Há nestes capítulos referências evidentes ao exílio; c)
Menciona-se expressamente Babilônia em 4,10; d) Os textos messiânicos
são todos pós-exílicos.
O problema mais sério com
respeito à autenticidade o levanta o poema do monte (4,1-4), que aparece
igualmente em Is 2,2-4. A qual dos dois profetas pertence? Uns atribuem a
Isaías; outros a Miquéias; outros a autor anônimo anterior a ambos os profetas;
outros ainda, a autor posterior, que teria inserido o seu poema em ambos os
livros.
Estes caps. 4-5 segundo os estudiosos
é muito rico e coerente para ser atribuídos a um profeta camponês, preocupado
pelas injustiças sociais. Nos caps. 6-7 as opiniões também diferem muito:
Eissfeldt considera possível que sejam do Miquéias judaíta. Van der Woude os
atribui a poeta anônimo israelita. Numerosos críticos distinguem entre 6,1-7,7
(datado nos períodos mais diversos) e 7,8-20. No que diz respeito a estes
últimos vv do capítulo 7 numerosos autores julgam, que teria sido composto por
motivo da queda da Samaria.
POR: Professo Carlos Eduardo