Nas reflexões sobre a esperança cristã, Papa
falou da necessidade de oração para alimentar a esperança do homem nos momentos
difíceis
“Jonas, a esperança e a oração”. Este foi o tema da catequese do Papa
Francisco nesta quarta-feira, 18, dando continuidade ao ciclo de reflexões
sobre a esperança cristã.
Francisco se concentrou de modo mais concreto na decisão do homem de se
colocar em oração movido pela esperança no perdão de Deus e mencionou a
parábola do Profeta Jonas, em cuja vida esta relação ficou bem clara.
Jonas é um profeta ‘em saída’, ‘em fuga’, disse o Papa, um profeta que
Deus enviou ‘à periferia’, em Nínive, para converter os moradores daquela
grande cidade. Mas o profeta não quis ir e entrou em um navio com o propósito
de seguir na direção oposta. “Durante sua fuga, o profeta entra em contato com
os pagãos, os marinheiros do navio, para se afastar de Deus e de sua missão. E
é justamente o comportamento destes homens que nos faz hoje refletir sobre a
esperança que, diante do perigo e da morte, se expressa em oração”.
Francisco explicou que uma grande tempestade ameaçou afundar o navio;
quem lá estava, desesperado, começou a rezar cada um ao seu próprio deus para
que os salvasse, enquanto Jonas dormia no porão. O comandante, então, acordou
Jonas dizendo-lhe: “Invoca o teu Deus, a ver se por acaso se lembra de nós e
nos livra da morte”.
Nestas palavras – explicou o Pontífice – transparece toda a esperança do
ser humano na sua impotência face a um perigo mortal. É a esperança que se faz
oração, uma súplica cheia de angústia que sobe dos lábios humanos em perigo
iminente de morte.
O fato de estas palavras saírem da boca de “pagãos”, como era o
comandante do navio, só confirma como a necessidade de fazê-lo seja intuitiva e
generalizada na alma humana. O pavor instintivo de morrer revela a necessidade
de esperar no Deus da vida.
“Muitas vezes, facilmente, nós não nos dirigimos a Deus no momento da
necessidade por considerarmos uma oração interesseira e imperfeita. Deus, no entanto,
conhece as nossas fraquezas, sabe que nós nos recordamos Dele para pedir ajuda,
e com o sorriso indulgente de um pai, responde positivamente”.
“Quando Jonas, reconhecendo as próprias responsabilidades, se joga no
mar para salvar seus companheiros de travessia, a tempestade se calma.
Aceitando sacrificar-se por eles, Jonas agora conduz os sobreviventes ao
reconhecimento do verdadeiro Senhor”.
E a oração ditada pela esperança surtiu efeito, Deus realizou quanto
esperavam e pediam: o navio foi salvo, o profeta aprendeu a obedecer e Deus
perdoou a cidade arrependida.
O Papa concluiu a reflexão afirmando que sob a misericórdia divina, e
ainda mais, à luz do mistério pascal, a morte pode se tornar, como o foi para
São Francisco de Assis, “a irmã morte” e representar, para cada homem, a
surpreendente ocasião para conhecer a esperança e encontrar o Senhor.