Os alunos e professores da Teologia do Instituto Santo Tomás de Aquino e PUC-Minas
refletiram na XXII Semana Teológica o tema: “Pós-Modernidade e Teologias Emergentes”. Aconteceu desde o dia 18
até dia 21 de outubro de 2016 no ISTA. É muito desafiador hoje em dia para os
alunos fazer uma reflexão teológica séria. Porém, este evento dá muita
esperança e credibilidade para os futuros líderes da Igreja, porque os assuntos
tratados são muito atuais e pertinentes, principalmente no campo pastoral.
O
primeiro dia, o tema principal foi: "Teologia e pós modernidade: contextos e
desafios". O palestrante começou a falar sobre a modernidade para
passar a explicar a pós modernidade. A modernidade é caracterizada pela crença
na ciência, além da razão e do progresso como guias da humanidade. Estes
princípios deixaram de ser referências intelectuais, sociais e artísticas, a
partir do momento que a realidade mostrou um resultado decepcionante. O ideal
da modernidade havia fracassado e assim se inicia uma nova era: a
pós-modernidade.
A
pós-modernidade é basicamente uma crítica da modernidade, de seus valores e
princípios. Apresenta novas propostas: a subjetividade, o multiculturalismo e a
pluralidade. Perante dessas ideias, existem pensadores que criticam o
pensamento pós-moderno, ao considerar uma referência decepcionante, sem um
projeto definido, incapaz de enfrentar os desafios da humanidade.
O
segundo dia, a reflexão é sobre: "Novos desafios teológicos".
Imaginamos muitos desafios na área da Teologia, e entre eles há um desafio que
desafia mesmo a todos os teólogos, estudantes e até ao próprio Magistério da
Igreja. Que desafio é este? A questão da homossexualidade que se denomina como
grupo da LGBTs.
O
palestrante conhece o tema e trabalha com pessoas dessa denominação. Começou a
citar o livro do Gênesis sobre a Criação do homem e da mulher para chegar ao
ponto central da reflexão. Ele disse assim: "o livro do Gênesis foi escrito enquanto o povo de Israel estava no
exílio da Babilônia. Era preciso multiplicar a espécie a fim de que os
israelitas pudessem sobreviver como povo, como cultura e religião. E essa
heterossexualidade universal passou para a religião judaica e em seguida para o
cristianismo.".Com essa explicação deu a entender a origem do mandato
no imperativo "sede fecundos e
multiplicai-vos!"(Gn 1,28).
Para
falar desse desafio apresenta duas reflexões: Teologia do Gênero e a Teoria
(Estudo) Queer. A primeira refere-se dos estudos de gênero como os principais
elementos teóricos de muitos que defendem a igualdade entre homem e mulher na
sociedade, bem como a inclusão e a cidadania dos LGBTs. Portanto, "deste conflito, há na teologia um
movimento de renovação na linha do Concílio Vaticano II, buscando reler o
Evangelho na perspectiva da cultura contemporânea, de modo a contemplar as
aspirações de igualdade e reconhecimento da diferença".
A
segunda, a teoria Queer, "oficialmente
queertheory (em inglês), é uma teoria sobre o género que afirma que a
orientação sexual e a identidade sexual ou de género dos indivíduos são o
resultado de um construto social e que, portanto, não existem papéis sexuais
essencial ou biologicamente inscritos na natureza humana, antes formas
socialmente variáveis de desempenhar um ou vários papéis sexuais".
Dessa forma, o desafio fica ainda maior para os ouvintes da palestra.
No
terceiro dia, o tema foi: "Teologia e Religiões: diálogo com as
culturas e suas implicações". Este assunto é estudado durante o
período da formação na Teologia, no entanto é interpelante para chegarmos a um
diálogo ecumênico na pastoral. O palestrante apresenta as bases significativas
de uma teologia ecumênica das religiões, considerando os desafios do tempo
presente, em especial o pluralismo religioso e cultural.
Oferece
através da reflexão sínteses da visão de autores que têm dado uma contribuição
relevante para o assunto. No campo católico, sob os influxos dos ventos
renovadores do Concílio Vaticano II (1962-1965), diversas experiências de
diálogo inter-religioso e de reflexão teológica sobre os temas emergentes dessa
aproximação se fortaleceram.Teólogos como Karl Rahner, Hans Küng, Yves Congar e
Schillebeeckx traçaram novas perspectivas teológicas que, décadas mais
tarde,passaram a ser aprofundadas e revisadas.
Os objetivos da
fundamentação teológica do pluralismo religioso, em linhas gerais, residem na
articulação dos elementos fundantes como a sensibilidade espiritual com a
defesa da vida, dos direitos humanos e da terra, especialmente os dos
empobrecidos.
No
quarto e último dia, a reflexão foi sobre: "Hermenêutica e desafios teológicos do
fenômeno migratório". Este assunto é atual e urgente para as lideranças
e futuros líderes da Igreja. Como acolher os migrantes? Cada reflexão teológica
sobre migração, hoje em dia, deverá partir das ondas migratórias na Europa, e
de momento, está intimamente relacionado com a questão dos refugiados que vem procurar
abrigo nesses países.
A
palestrante chama a atenção da tarefa da Teologia na perspectiva bíblica. Por
isso, o critério para um entendimento de justiça teologicamente responsável são
dignidade e bem-estar dos pobres e excluídos. Podemos, portanto, encarar o atual
fenômeno da migração como um desafio que importa ser descoberto e desenvolvido
na proclamação do evangelho da paz.
Afinal,
não é invenção teológica do século XXI perceber-se migração como tema
teológico. As Sagradas Escrituras e suas muitas teologias, em sua quase
totalidade, são resultantes do fenômeno da migração. A maioria dos textos tem
origem num contexto de exílio, fuga, expulsão, peregrinação e situações de
diáspora. Em todos os textos da Bíblia, migração está relacionada com a
pergunta por justiça. Estas reflexões nos ajudam em primeiro lugar para sermos
mais humanos, e em segundo lugar para sermos mais misericordiosos com os
outros. E que a diferença não seja uma barreira para continuar a nossa pastoral
acolhendo os mais vulneráveis da sociedade atual.
Por: Isaac Segovia