Estamos
no mês dedicado à Bíblia. E por que o mês de setembro é dedicado à Bíblia?
Dentro da Tradição da Igreja, o dia 30 de setembro se celebra a Memória de São Jerônimo,
Presbítero e doutor da Igreja. Ele era apaixonado pela Palavra de Deus, e fez
comentários sobre a Sagrada Escritura, traduzido-a da língua Hebraica e Grega
para o Latim. Essa é a razão pela qual celebramos setembro como o mês dedicado
à Bíblia.
A
Bíblia é a Palavra de Deus escrita com a palavra dos homens e chegou até nós
pela Igreja. Para os judeus, a Sagrada Escritura apela para que o povo,
recordando o passado, tenha gravado na mente e no coração como Deus fez
maravilhas por eles. Consequentemente, para ser fiel a Deus e somente servir, o
povo deve sempre recordar que foi libertado do Egito.
Para
nós cristãos, Cristo é o ápice da Revelação Divina. É Deus mesmo, achegando-se
ao homem e revelando Sua vontade. Ele, "... pela plena presença e
manifestação de Si mesmo por palavras e obras, sinais e milagres, e
especialmente por Sua morte e gloriosa ressurreição dentre os mortos..."
(DV 4), é Aquele que dá sentido a todas as outras manifestações divinas do
passado. E Nele, está a plenitude da Revelação por Ser Deus mesmo falando de
Si.
Ao
lermos a Bíblia devemos tratar de recordar para acordar, tomar consciência
voltar-se para Deus da Vida. A recordação tem um efeito estimulador. Ora, na
sociedade atual, as coisas acontecem com muita rapidez. O ritmo de vida da
cidade é acelerado. Estamos cercados de sons, além do bombardeio de imagens.
Muita agitação, nem o lar é lugar de sossego. Neste sentido é difícil para
escutar a voz interior.
Estamos
diante de um mundo com pouca memória. Fatos que aconteceram há dois anos
desaparecem da lembrança como se fosse de um passado remoto. Soma-se a isso a
sobrecarga de informações que não há tempo de assimilar. A mídia cria fatos
novos, que facilmente desaparecem de cena, dando lugar a outros. Não há tempo
para deter-se, refletir, pensar, elaborar.
As
pessoas e os povos somente nutrem a consciência histórica quando refletem sobre
os fatos, dando-lhes sentido e estabelecendo relação entre eles. À medida que a
pessoa exercita esta atitude de reflexão e guardar na memória e busca sentidos
para os fatos transforma-se num aprendiz.
Então,
quando acontece alguma experiência forte, a pessoa vai além do nível elementar,
da satisfação ou dor. Procura descobrir o que aprendeu com a experiência. Cada
novo desafio se transforma em aprendizagem existencial. Por isso, nunca
envelhece.
A
Igreja, venera a Sagrada Escritura colocando-a no mesmo patamar do Santíssimo
Corpo do Senhor. Na liturgia, desde a antiga Tradição, os cristãos comungam, toma
de duas mesas o pão que os alimenta: o pão da Palavra e o pão da Vida. A
Palavra de Deus constitui-se assim "... alimento da alma, pura e perene
fonte da vida espiritual" (DV 21).
Oxalá
que ao alimentarmos da mesa da Palavra e celebrarmos a Memória, na Eucaristia,
sejamos capazes de interpretara nossa história à luz da Palavra de Deus, e
aprender como Jerônimo a valorizar a Escritura. Perceber os sinais dos tempos.
Cultivar a interioridade, como capacidade de dar sentido e unidade às múltiplas
experiências da vida. Que a nossa celebração Eucarística
não fique velha nem caia na mera repetição de ritual.
Na
Bíblia encontramos figuras como Maria que nos ensina a cultivar a
interioridade, a meditar. Guardar as coisas no coração, buscar sentido nos
acontecimentos e preparar-se para o que vai acontecer. Devemos ser como abelha,
que recolhe o néctar de Deus na vida e transforma em mel. Colhe, recolhe,
elabora e oferece doçura.
Por: Carlos Eduardo e Isaac Segovia
Por: Carlos Eduardo e Isaac Segovia