O Mistério pode ser reencontrado. E sempre há
novidade. A vocação de uma pessoa pode "ser perdida e depois reencontrada
com o Mistério". Para ilustrar esta tese vamos refletir o texto do
Evangelho de João no episódio de Jesus conversando com a mulher Samaritana.
Acreditamos que o texto de João 4,5-29 é um
exemplo extraordinário de colóquio vocacional. É certo que na Bíblia contém
muitos outros exemplos neste sentido, mas este é particularmente significativo
para os animadores vocacionais. É uma espécie de ícone que ressume e exprime
todos os outros artigos anteriores sobre a vocação.
Vemos como uma necessidade abordar e olhar a
prática de Jesus, com tanta sabedoria, no seu encontro com a mulher de Samaria
que tinha ido buscar água na fonte de Jacó.
"Cansado
da viagem, Jesus sentou-se à fonte". Jesus usa estratégia
muito inteligente típico de um animador vocacional que, por si, é uma pessoa
astuta. Vemos que Jesus está cansado, porque algo fez e não apenas esperar:
animar vocação significa ir ao encontro de alguém, tendo em mente um plano bem
feito.
O animador deve saber encontrar o ponto
exato, pontos estratégicos onde está à vida e aonde o jovem vai procurar a
vida. Onde fazemos animação vocacional? Será que nos contentamos em esperar
sentados em nossas casas, organizando programas vocacionais extraordinários?
O poço na sociedade daquele tempo era a fonte
da vida, uma condição fundamental de sobrevivência. Será que somos capazes de
identificar os poços de hoje, aqueles lugares e momentos, aquelas provocações e
perguntas, ou aquelas situações e fatos onde é inevitável encontrar os jovens,
aquelas encruzilhadas por onde, necessariamente todos os jovens devem passar
com suas ânforas vazias, com suas perguntas, com seus sonhos mal interpretados,
com suas ânsias inibidas, com seu desejo profundo e intocável por
autenticidade?
"[...]
Então chegou uma mulher da Samaria para tirar água".
Vemos o anonimato da pessoa, uma mulher. A animação vocacional é exatamente
assim: é um serviço ou uma provocação que se dirige a todos sem excluir a
ninguém. A animação vocacional é uma pastoral de conjunto. É uma ajuda e um
caminho oferecido a todos os jovens.
Costumamos lamentar-nos sobre a escassez de respostas.
Mas não pensamos que, muitas vezes, já no ponto de partida, nos limitamos em
nós mesmos, reduzindo aos nossos, ou a bons, ou a aqueles que mostram
interesses desde o primeiro momento. Será que temos coragem de caminhar por
toda a parte, para o encontro de qualquer pessoa, mesmo naqueles lugares e
àquelas pessoas às quais nos parece impossível? Estamos convencidos de que cada
jovem traz dentro de si, uma pergunta vocacional que, inclusive com frequência
indecifrável, e espera para ser lida e que em todo caso exige uma atenção
particular do animador vocacional?
"Jesus
lhe pediu: 'Dê-me de beber'". A proposta vocacional começa
com um pedido. Ela é uma atribuição de responsabilidade, principalmente uma
mensagem de estima por qualquer coisa que a pessoa possa fazer. É como se Jesus
dissesse: Eu preciso de ti, de algo que somente tu farás. Claro que Jesus não
pensava apenas d'agua terrenal, mas ele se aproveitou daquela circunstância
para estabelecer um contato importante com a samaritana, pediu alguma coisa que
aquela mulher tinha condições de fazer e de dar.
"A
samaritana perguntou: Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou
samaritana?". O método pedagógico praticado por Jesus
conseguiu seu primeiro objetivo, criar e despertar interesse e causar surpresa.
Sua pessoa não passa despercebida. Ele fez algo que não era comum, usou
palavras poucas vezes usadas, estabeleceu relações que vai além dos critérios
de raças ou de simpatia instinto, de religiões ou de identidades culturais.
POR: Carlos Eduardo e Isaac Segovia