«Este é o meu Filho
muito amado: escutai-O! » (Mt 17,5).
Como seguidores de Cristo sempre estamos
convidados a viver o espírito de discernimento, por conseguinte, o cristão tem
uma ferramenta fantástica para vivenciar sua fé na continua vigilância. Estamos
falando da escuta.
Tal atitude serve para estarmos atentos à voz
de Deus e dos irmãos. O mesmo documento Vida Fraterna em comunidade expressa a
sua importância: “Sem diálogo e escuta, há sempre o risco de levar vidas justapostas ou paralelas,
o que está bem longe do ideal de fraternidade” (VF 32).
Certamente, com a atitude de escuta do
Consagrado, muitas pessoas poderão sentir a presença ativa e transformadora de
Deus, porque com tal prática permitimos ao outro ocupar o primeiro lugar. Também,
dessa forma, deixamos de lado a nossa própria postura, opiniões e esquemas.
Além do mais, estaremos abertos a novos caminhos,
horizontes e alternativas para melhorar a vida, sem prejuízo, sem preconceito,
zelando pela sabedoria do coração, como fez a mãe de Jesus: “Maria,
porém, guardava todas estas coisas, meditando-as em seu coração”
(Lc 2, 19). Sem duvidas foi uma serva que interiorizou a mensagem de Deus. Ela escutou
a voz do anjo porque estava em silêncio, pronta para escutar. Dessa forma,
muitos problemas seriam solucionados e evitados durante a formação e quando
enviados.
Como discípulos missionários somos convidados
a escutar o gemido dos pobres, das pessoas que estão na prisão, dos doentes sem
esperança, das idosas rejeitadas, das crianças, dos jovens sem oportunidades, da própria
humanidade (em paróquias, escolas, comunidades, obras sociais, etc.), do mesmo modo como Maria estaria contemplando
o sofrimento aos pés do Cristo Crucificado (cf. Jo 19, 25-27).
No exercício pastoral e antes de pregar ou
dar um sermão: “Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto para
ouvir, tardio para falar, tardio para se irar” (Tg 1,19). Ao demonstrar a
nossa atenção, abertura e compreensão o irmão perceberá que ele é importante e
digno.
Vejamos o que expressa o magistério da Igreja
através do documento Vita Consecrata.
A palavra ‘escuta’ aparece 19 vezes; ‘ouvir’ umas 5 vezes. Em concreto, diz: “Todos
os filhos da Igreja, chamados pelo Pai a « escutar
» Cristo, não podem deixar de sentir uma profunda exigência de conversão e de
santidade” (VC 35). De fato, somos sempre convidados a dar uma resposta
coerente à vocação cristã e estado de vida. Por outro lado, hoje é normal
encontrar pessoas com suficiente experiência de VR nas comunidades religiosas.
Cresce o numero! No entanto, o documento expressa: “Elas (pessoas idosas) têm
certamente muito que dar em sabedoria e experiência à comunidade, se esta
souber estar ao seu lado com atenção e capacidade de escuta” (VC 44). Sempre é
bom consultar, pedir conselho, ouvir, ter consideração por estas pessoas
experientes. Finalmente, “a verdadeira profecia nasce de Deus, da amizade com
Ele, da escuta diligente da sua Palavra nas diversas circunstâncias da história
(VC 84). Aprende-se a ser discípulo escutando e deixando ser transformado pelas
palavras do Mestre.
Autor:
Bibliografia
A vida fraterna em comunidade. SVA e CIVC . - São Paulo : Paulinas,
1994.
Bíblia Sagrada. CNBB. - São Paulo : Canção Nova, 2012.
Vita Consecrata. JOÃO PAULO II. - São Paulo : Paulinas, 1999.