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VIDA E EXEMPLO DE PAULO

1 de julho de 2015


           Santo Antônio Maria Zaccaria afirmava: “Filhos e plantas de Paulo, alarguem os seus corações (2Cor 6,13), pois quem os plantou e ainda planta, tem o coração maior e mais aberto que o mar e não sejam inferiores à vocação para a qual foram chamados” (Ef 4,1).
Importância do espírito paulino
A história do cristianismo, após a morte e ressurreição de Jesus, foi conturbada, embora marcada por uma impressionante propagação. A ação de Paulo, com a sua mensagem de liberdade perante a Lei e o universalismo da sua missão, representou o agir do Espírito Santo na Igreja. Pelo seu discernimento, Paulo fez com que o cristianismo permeasse o mundo inteiro.

O nome de Paulo
O Apóstolo, em suas cartas, atribui a si mesmo o nome de Παῦλος. Esse nome aparece em 2Pe 3,15 e At 13,9. Antes de At 13,9 é chamado com o nome de Σαῦλος (7,58; 8,1.3; 9.1; etc.), forma grega de Saoul. Segundo esta forma, aparece nos relatos da conversão ((9,4.17; 22, 7.13; 26,14), equivalente ao hebraico Sã'ûl, clara homenagem ao primeiro rei do antigo Israel (1 Sam 9, 2.17; 10,1; etc.; Atos 13,21). Significa “pedido” (de Deus ou de YHVH). At 13,9 sinaliza a mudança de “Saulo” para “Paulo”. Nota-se, contudo, que  Saoul é mantido nos seguintes relatos da conversão).
O mais verossímil é que o Apóstolo se chamava Paulos desde o nascimento, e que Saoul foi o nome adicionado, usado nos círculos judeus.
Não há provas de que "Saulo" se mudara em "Paulo" no momento da conversão. De fato, depois desta, “Saulos” ainda é usado em Atos. É provável que a alteração seja devida ao uso de diferentes fontes e informações de Lucas. Enquanto paulus, que no latim, significa "pequeno", nada tem a ver com a estatura ou a modéstia de Paulo.

Formação de Paulo
     Saulo, com toda probabilidade, nasceu no ano 5 d. C. e teve uma longa formação rabínica em Jerusalém. Não sabemos quanto tempo ele viveu na sua cidade natal. Pelo domínio que ele mostra ter da língua grega, podemos afirmar que ele nela permaneceu até a sua adolescência.
         Em At 22,3, nos diz algo a respeito da sua origem e formação: “Então Paulo declarou: “Sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, mas criado nesta cidade. Fui educado rigorosamente na Lei de nossos antepassados, aos pés de Gamaliel, sendo tão zeloso por Deus, assim como estais sendo vós neste dia”. Portanto, vemos como Paulo ama a sua origem e se orgulha da fé herdada de família judaica. Supõe-se que o pai dele fosse tecelão como ele o será, trabalhando, como todo outro homem, para ganhar o pão cotidiano.


Conversão
Vale a pena ler o relato da vocação de Saulo de Tarso e que aparece três vezes nos Atos. O acontecimento é narrado pelo autor em At 9,1-19; e, depois, pelo próprio Paulo, nos discursos a ele atribuídos, em At 22,3-21 e 26, 9-18.
            Podemos afirmar que o encontro com Cristo sempre muda a vida das pessoas. É impossível conceber e aceitar que, depois de uma longa vida de oração litúrgica e cotidiana, o cristão não mude de atitude em sua vida e em relação aos seus irmãos. Paulo, logo após seu diálogo com Cristo, abandonou suas seguranças, costumes e até aqueles bens culturais oferecidos pela sua boa formação. Foi a surpresa de Deus? De fato, sim. Diante da manifestação divina, Saulo abriu o seu coração e colocou em xeque a própria tradição religiosa para responder à novidade de Deus.


Missão
      As missões paulinas abarcam o período de 46 aos 58, o Apostolo pregando o evangelho na Ásia Menor e na Grécia. Se falamos de três missões paulinas, é evidente que consideramos o relato de Lucas em Atos. De fato, trata-se de uma forma adequada de dividir as distintas etapas da vida de Paulo. As cartas de Paulo nos dão notícias suficientes sobre as viagens e a fundação das igrejas nos distintos lugares do mundo mediterrâneo ocidental.
No entanto, Paulo se proclama “servo” depois de receber a vocação por parte de Cristo. Em comparação aos Doze, Paulo recebe a vocação depois da Ressurreição, como ele mesmo declara: “Mais tarde apareceu a Tiago, e a todos os apóstolos. E, depois de todos, apareceu igualmente a mim, como a um que nasceu fora do tempo” (1Cor 15, 7-8). Portanto, é o próprio Jesus quem confia a Saulo uma missão junto aos pagãos (At 26, 15-18). Esta missão é longamente descrita em termos que lembram o Antigo Testamento. “Levanta-te e fica de pé” (26,16) evoca, de fato, a vocação do profeta Ezequiel (2,1).
Vemos, em Ef 3,1-7, o seu espírito de compromisso a respeito do seu ministério: “Eu, Paulo, sou o prisioneiro de Jesus Cristo por vós, os gentios, se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada; como me foi este mistério manifestado pela revelação como acima, em pouco, vos escrevi, pelo que, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, o qual, noutros séculos, não foi manifestado aos filhos dos homens, como, agora, tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas, a saber, que os gentios são coerdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho; do qual fui feito ministro, pelo dom da graça de Deus, que me foi dado segundo a operação do seu poder”.
Para Paulo não há outro evangelho, além do proclamado pelos Apóstolos: “Portanto, quer tenha sido eu, quer tenham realizado eles, é isso que pregamos e é nisso que crestes. Nós também ressuscitaremos”. Lembremos que naquele tempo houve riscos de interpretações erradas do ensino dos apóstolos. Hoje, continua para nós o desafio de seguir o espírito paulino na nossa missão cristã.
                                                                                                                    Escrito por:



                                           
                                                                        
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BIBLIA, Almeida revista e corrigida, 2009.
COTHENET, Edouard. Paulo e o seu tempo. Ed. Paulinas. 1985.
GOURGUES, Michel. Jesus diante de sua paixão e morte. Ed. Paulinas. 1985.
FITZMYER , JOSEPH A. Teología de San Pablo, pp. 3-9.
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