Santo
Antônio Maria Zaccaria afirmava: “Filhos e plantas de Paulo, alarguem os seus
corações (2Cor 6,13), pois quem os plantou e ainda planta, tem o coração maior
e mais aberto que o mar e não sejam inferiores à vocação para a qual foram
chamados” (Ef 4,1).
Importância do espírito
paulino
A história do cristianismo, após a morte e
ressurreição de Jesus, foi conturbada, embora marcada por uma impressionante
propagação. A ação de Paulo, com a sua mensagem de liberdade perante a Lei e o
universalismo da sua missão, representou o agir do Espírito Santo na Igreja.
Pelo seu discernimento, Paulo fez com que o cristianismo permeasse o mundo
inteiro.
O nome de Paulo
O
Apóstolo, em suas cartas, atribui a si mesmo o nome de Παῦλος. Esse nome aparece em 2Pe
3,15 e At 13,9. Antes de At 13,9 é chamado com o nome de Σαῦλος (7,58; 8,1.3; 9.1; etc.), forma grega de
Saoul. Segundo esta forma, aparece nos relatos da conversão ((9,4.17; 22, 7.13;
26,14), equivalente ao hebraico Sã'ûl,
clara homenagem ao primeiro rei do antigo Israel (1 Sam 9, 2.17; 10,1; etc.;
Atos 13,21). Significa “pedido” (de Deus ou de YHVH). At 13,9 sinaliza a
mudança de “Saulo” para “Paulo”. Nota-se, contudo, que Saoul é mantido nos seguintes relatos da
conversão).
O mais verossímil é que o Apóstolo se chamava
Paulos desde o nascimento, e que Saoul foi o nome adicionado, usado nos
círculos judeus.
Não há provas de que "Saulo" se
mudara em "Paulo" no momento da conversão. De fato, depois desta, “Saulos” ainda é usado em Atos. É
provável que a alteração seja devida ao uso de diferentes fontes e informações
de Lucas. Enquanto paulus, que no latim,
significa "pequeno", nada tem a ver com a estatura ou a modéstia de
Paulo.
Formação de Paulo
Saulo,
com toda probabilidade, nasceu no ano 5 d. C. e teve uma longa formação
rabínica em Jerusalém. Não sabemos quanto tempo ele viveu na sua cidade natal. Pelo
domínio que ele mostra ter da língua grega, podemos afirmar que ele nela
permaneceu até a sua adolescência.
Em
At 22,3, nos diz algo a respeito da sua origem e formação: “Então Paulo declarou: “Sou judeu, nascido em Tarso
da Cilícia, mas criado nesta cidade. Fui educado rigorosamente na Lei de nossos
antepassados, aos pés de Gamaliel, sendo tão zeloso por Deus, assim como estais
sendo vós neste dia”. Portanto, vemos como Paulo ama a sua origem e se orgulha
da fé herdada de família judaica. Supõe-se que o pai dele fosse tecelão como
ele o será, trabalhando, como todo outro homem, para ganhar o pão cotidiano.
Conversão
Vale a pena ler o relato da vocação de Saulo
de Tarso e que aparece três vezes nos Atos. O acontecimento é narrado pelo
autor em At 9,1-19; e, depois, pelo próprio Paulo, nos discursos a ele
atribuídos, em At 22,3-21 e 26, 9-18.
Podemos afirmar que o encontro com
Cristo sempre muda a vida das pessoas. É impossível conceber e aceitar que,
depois de uma longa vida de oração litúrgica e cotidiana, o cristão não mude de
atitude em sua vida e em relação aos seus irmãos. Paulo, logo após seu diálogo
com Cristo, abandonou suas seguranças, costumes e até aqueles bens culturais
oferecidos pela sua boa formação. Foi a surpresa de Deus? De fato, sim. Diante
da manifestação divina, Saulo abriu o seu coração e colocou em xeque a própria
tradição religiosa para responder à novidade de Deus.
Missão
As
missões paulinas abarcam o período de 46 aos 58, o Apostolo pregando o
evangelho na Ásia Menor e na Grécia. Se falamos de três missões paulinas, é
evidente que consideramos o relato de Lucas em Atos. De fato, trata-se de uma
forma adequada de dividir as distintas etapas da vida de Paulo. As cartas de Paulo
nos dão notícias suficientes sobre as viagens e a fundação das igrejas nos
distintos lugares do mundo mediterrâneo ocidental.
No entanto, Paulo se proclama “servo” depois
de receber a vocação por parte de Cristo. Em comparação aos Doze, Paulo recebe
a vocação depois da Ressurreição, como ele mesmo declara: “Mais tarde apareceu a Tiago, e a
todos os apóstolos. E, depois de todos, apareceu igualmente a mim, como a um
que nasceu fora do tempo” (1Cor 15, 7-8). Portanto, é o próprio
Jesus quem confia a Saulo uma missão junto aos pagãos (At 26, 15-18). Esta
missão é longamente descrita em termos que lembram o Antigo Testamento.
“Levanta-te e fica de pé” (26,16) evoca, de fato, a vocação do profeta Ezequiel
(2,1).
Vemos,
em Ef 3,1-7, o seu espírito de compromisso a respeito do seu ministério: “Eu,
Paulo, sou o prisioneiro de Jesus Cristo por vós, os
gentios, 2 se é que tendes ouvido a dispensação da graça de
Deus, que para convosco me foi dada; 3 como me foi este mistério manifestado pela
revelação como acima, em pouco, vos escrevi, 4 pelo que, quando ledes, podeis perceber a minha
compreensão do mistério de Cristo, 5 o qual, noutros séculos, não foi manifestado aos
filhos dos homens, como, agora, tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos
apóstolos e profetas, 6 a saber, que os gentios são coerdeiros, e de um mesmo
corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho; 7 do qual fui feito ministro, pelo dom da graça de
Deus, que me foi dado segundo a operação do seu poder”.
Para Paulo não há outro evangelho, além do
proclamado pelos Apóstolos: “Portanto,
quer tenha sido eu, quer tenham realizado eles, é isso que pregamos e é nisso
que crestes. Nós também ressuscitaremos”. Lembremos que naquele
tempo houve riscos de interpretações erradas do ensino dos apóstolos. Hoje,
continua para nós o desafio de seguir o espírito paulino na nossa missão
cristã.
Escrito por:
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BIBLIA,
Almeida revista e corrigida, 2009.
COTHENET,
Edouard. Paulo e o seu tempo. Ed. Paulinas. 1985.
GOURGUES,
Michel. Jesus diante de sua paixão e morte. Ed. Paulinas. 1985.
FITZMYER , JOSEPH A. Teología de San Pablo, pp. 3-9.