Não há duvidas quanto à consciência que
Jesus tinha da sua relação filial com o Pai, confirmada pela sua contundente
declaração: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10,30), que aponta para a sua singular
relação com Deus, na condição de Filho único (Jo 1,14). Prova disto é, em
primeiro lugar, o fato de que a Santíssima Trindade caracterizou com a sua
presença o seu batismo, manifestação aberta de Jesus na condição de Filho de
Deus e Messias. O atestam as palavras que o Pai pronuncia: “Este é o meu filho
amado; a ele ouvi” (Mc 9,7). Por conseguinte, a vida de Jesus estava permeada
por uma relação íntima com o Pai. A esse respeito, Joachim Jeremias (1974, pg.
77) afirma:
Si ya era algo completamente
inusitado el que Jesús se dirigiese a Dios como «Padre mío», habrá que decir lo
mismo plenamente acerca del uso de la forma aramea 'Abba. Es verdad que esta
forma sólo se nos transmite expresamente en Mc 14, 36. Pero hay dos observaciones
que nos convencen de que Jesús, en todas sus demás oraciones, utilizaba esta
forma 'Abba como invocación para dirigirse a Dios.
Em segundo lugar, temos o
fato de que Jesus sabia que sua missão consistia em anunciar o Reino de Deus e
tornar este ‘kerigma’ cada vez mais
presente no mundo. Fato que o levou a oferecer a sua vida para a salvação dos
homens, tornando, desse modo, próxima a vinda do Reino de Deus, por ele estar,
desde já, no meio das pessoas porque os demônios estão expulsos e os pecados
estão perdoados. Por isso, também, Jesus ensina como orar por sua vinda (Lc
11,2) e radicaliza, pedindo vigiar e estar atentos (Mt 25,1-13). Este reino não
é fruto de uma vontade humana, é fruto de uma iniciativa divina. É Deus que
espalha sua semente, enquanto o homem é chamado a orar, buscar e estar
preparado (Lc 12,35-37). A semente cresce por virtude e graça divina. Provam-no
as metáforas e parábolas que apontam para a Basileia como saúde futura da
humanidade.
Em
terceiro lugar, para levar a termo sua missão salvadora, Jesus escolheu homens
para que o seguissem. Pelos evangelhos podemos constatar como estas testemunhas
foram interpretando os sinais que Jesus deixou, visando, após Páscoa e
Pentecostes, constituir a Igreja que ele quis fundar.
Quarto, a consciência
que tem Cristo de ser enviado pelo Pai para a salvação do mundo e para a
convocação de todos os homens implica, misteriosamente, o amor de todos os
homens, de maneira que todos podemos dizer “o Filho de Deus me amou e entregou
a sua vida por mim”. (Recomendo ler o documento da
Comissão Teológica Internacional sobre A consciência de Jesus, 17 de julho de
1986).
Por:
Referências bibliográficas:
BÍBLIA SAGRADA – Tradução da CNBB –
Editora Canção Nova, 2012.
JOACHIM,
Jeremias. Teo
logia del Nuevo Testamento. Salamanca: Sígueme, 1974.
TERRA, Joao. Cristo em Marcos. Saõ
Paulo: Ed. Loyola, 1997.