Iniciamos a
Semana Santa, a Semana Maior, cenário e fonte do perdão e da misericórdia,
entrando em Jerusalém com o Rei Servo solidário e compassivo. Com os jovens
hebreus de então e os jovens de hoje, que neste dia celebram a jornada mundial
de oração com o lema de 2015: Bem aventurados os puros de coração, por que
verão a Deus, (Mt 5,8); queremos aclamar com alegria e fidelidade ao Salvador
de nossas vidas. Neste domingo os cristãos que acompanharam toda a caminhada
quaresmal de conversão da indiferença para o amor, doação e da acomodação para
o serviço que promove e emancipa os irmãos, deveríamos nos questionar: a quem
queremos servir e como queremos servir?
Muitos neste
Domingo acolheram a Jesus com Ramos e gritos de Hosana ao Filho de Davi, mas
não muito depois, na sexta-feira, vociferaram crucifica-o, optando por
Barrabás. Isto acontece também em nossos dias quando permanecemos numa religião
de conforto e complacência, de prosperidade material e nos vemos de repente
imersos no mundo da dor e sofrimento, não somos capazes de crescer nos desafios
do compromisso e no testemunho que implica dar a vida, aceitar a entrega
gratuita e sem retorno.
Por isso é
importante responder a quem queremos realmente servir: a Jesus Cristo o Rei
Servo e irmão que veio para nos reconciliar com o Pai e gerar um mundo fraterno
e justo, ou as caricaturas de um Messias que anseia o poder, e que promete
bonança econômica para os seus seguidores. Como queremos servir, pois muitos
aceitam Jesus, mas não aceitam segui-lo através do caminho da Cruz, do serviço
abnegado do amor que se esquece de si mesmo e partilha sua vida com os pobres e
abandonados; ou preferimos o caminho do sucesso, do serviço que trás holofote,
que tem placar garantido para a ascensão social e para o carreirismo eclesiástico?
Da
sinceridade com que resolvamos estas duas questões, dependerá o nosso projeto
de vida, a autenticidade do nosso cristianismo, a fecundidade de nossa missão.
Que esta semana santa não se esgote num turismo religioso ou num roteiro de
devoções periféricas, mas nos leve a viver e celebrar a paixão e ressurreição
do Senhor com fé e compromisso, assumindo sem reservas nossa identidade cristã
e nosso firme propósito de servir com amor e gratuidade ao Reino que Jesus veio
instaurar na nossa vida e na história de toda a humanidade. Deus seja louvado!
Por: Dom Roberto Francisco Ferreria Paz, Bispo de Campos (RJ).
Fonte: cnbb.org.br