O caráter escatológico do Reino de
Deus
Até hoje não é
compreendido por muitos cristãos o verdadeiro significado do Reino de Deus.
Segue o desejo de aprofundar como fez o teólogo Rudolf Schnackenburg, autor que
vou seguir neste estudo.
A doutrina de Jesus
integramente não foi entendida pelas pessoas de sua época. Os judeus estavam
maravilhados com sua doutrina porque Ele ensinava com autoridade, mas não temos
certeza que Ele aclarou completamente o significado do Reino de Deus (Mc 1,22),
em suma, a novidade de Jesus inquietou e criou curiosidade nas pessoas de seu
tempo, tal como vemos em Mc 10, 17: “Que devo fazer para conseguir a vida
eterna?”. Então em que consiste esta doutrina? Efetivamente, todo o ensino de
Jesus está ordenado à vida, olhando a Deus e ao próximo. Jesus evidencia uma
coerência entre a interpretação da vontade de Deus e o seu modo de se
comportar, a proximidade com os pecadores e não com os piedosos, demonstrou a
presença de Deus aos homens. Justamente o modo de vida de Jesus foi mais como
um profeta convencido de suas palavras que um mestre, a escolha e formação dos
discípulos não eram para fundar uma nova escola de rabinos, uma forma muito
peculiar naquela época.
O centro da pregação e da
mensagem de Jesus foi o reino. Nos evangelhos sinópticos[1]aparece
más de 100 vezes a expressão ἡ
βασιλεία τοῦ θεοῦ assim se pode encontrar
que na mesma comunidade nascente houve um seguimento e aplicação do kérigma de
Cristo, Mateus usa ἡ βασιλεία τῶνοὐρανῶν, (em hebraico “Malkhut ha
Shamáyim”) na verdade responde ao uso rabínico
daquela época.
Qual é a novidade ou a
mesma atitude de Jesus diante do reino de Deus? Como vimos, o conceito “reino de
Deus” tem um enfoque escatológico, que não vai ter fim, em suma, é escatológico
porque a afirmação “está perto” é uma proximidade profética futura, incluso, já
realizado.
No judaísmo, era
esperado um messias, com expectativa escatológica grande. Mesmo, os discípulos
acharam que o reino de Deus aparecerá segundo o pensamento deles (19,11).
Caráter salvifico da basileia
Na mensagem de Jesus
não escutamos vingança ou ódio aos inimigos. A sua motivação foi o anuncio da
salvação, no qual se incluem os pecadores e as prostitutas (Mc 2, 15-17), uma
misericórdia oferecida para todos, no entanto exige conversão e piedade com os
outros, como aconteceu com Zaqueu (Lc9, 1-10) onde houve uma reação positiva
diante da proposta salvifica.
Toda a ação de Jesus
foi misericórdia, ele sabe que é o Salvador que cria um destino de redenção.
Percebemos muitas promessas na pregação, saciedade, consolo, (um Gan Eden), a
nova criação (Mt 19,28).
Caráter religioso do Reino
O brilho da basileia anunciada por Jesus tem força
porque seus fundamentos estão fora da linha terrena e política. Sua atitude
gerou esperança, tanto que desejaram elegê-lo como rei (Jo 6, 15). Dentre o
povo, os zelotes eram os mais fanatizados em ter um messias político, até mesmo
os discípulos com um poder teocrático (Mc 10, 37), no entanto, o mesmo Jesus
manifesta que o reino de Deus é exclusivamente uma dimensão submetida a Deus, e
nenhuma especulação humana pode saber o momento Mc 13,32: Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o
Filho, senão o Pai).
O reino de Deus tem um
caráter universal, o interesse é a salvação da humanidade. Não há elite,
fronteiras, nem puros já escolhidos. Jesus chama a todos, não existe uma raiz
santa.
Jesus cria uma
comunidade que vivencia o perdão de Deus. O evangelho de Mt 25,31-46 é sinal
desta universalidade. Todos deverão comparecer ante o Juiz das nações.
Por: Cristóbal Ávalos Rojas, noviço barnabita.
REFERENCIA BIBIOGRAFICA
BÍBLIA SAGRADA – Tradução da
CNBB – Editora Canção Nova, 2012.
SCHNACKENGURG, Rudolf. Reino y
reinado de Dios. Madrid:
Fax, 1974.