J + C
Irmãos
e irmãs, em Cristo minha saudação fraternal.
Neste ano do Senhor de dois mil e quinze, na quarta-feira
de cinzas, deu-se abertura a Campanha da Fraternidade no
Brasil. Este tempo de Quaresma, além de ser um momento de penitência, é também
um convite a realizarmos gestos concretos de solidariedade e exercitarmos a
fraternidade para com os irmãos.
Guiados pela conferência
episcopal brasileira somos interpelados a vivenciar esse tempo quaresmal em
paralelismo com a Campanha da Fraternidade que tem como objetivo geral aprofundar,
à luz do evangelho, o seguinte tema: Igreja
e Sociedade, e como essas duas vertentes sociais e eclesiais sempre
caminharam e caminham juntas para bem servir o todo (o homem). Sob a luz do
tema proposto analisaremos os três pontos fundamentais catequéticos: ver/
julgar e agir no âmbito da caminhada cristã e social.
Nós vivemos numa (polis
= cidade) que há apelos e clamores; a sociedade caminha com a Igreja desde
sua presença em terras tupiniquins, desde a chegada dos Jesuítas, no intuito de
catequisar aqui seus moradores até então desconhecidos (índios); assim a Igreja
se coloca a serviço do povo.
Não há fé sem obras! Somos a Igreja do ir onde o povo
está, e surge a pergunta: Onde o povo está? A resposta é óbvia: se faz presente
na sociedade, incluso na pólis, lugar
também onde a Igreja se faz presença acolhedora e mediadora dos fracos e
oprimidos, de quem não tem voz nem vez, de pessoas que vivem em situação de
vulnerabilidade social, vítimas do processo socioeconômico vigente no País.
A história, com suas luzes e trevas, nos permite ver o
papel da Igreja que é lâmpada que guia seu rebanho dando, ao mesmo, diretrizes
e nortes. No passado imperial era necessário ser Católico para se fazer
político, posteriormente, em um País laico, ainda se faz presente a
participação do fiel, quer seja como cidadão exercendo sua obrigação (voto),
quer seja como político que participa ativamente legislando/sancionando/denunciando.
Assim, cada fiel tem a tarefa de ser voz profética no meio social.
Não obstante a realidade de cada estado do Brasil e da
sociedade como um todo, não podemos viver apáticos às necessidades públicas e
políticas. Como são feitas as leis? Como são aplicados os impostos? Temos o
dever de buscar as respostas para essas perguntas e interagir com o povo para
que haja equidade no âmbito social e estabilidade econômica que favoreça as
minorias, que não possuem os subsídios básicos, tais como: saúde, educação e moradia.
Diante dos problemas com que o nosso País se defronta,
seria ilusório pensar que a solução estaria na mudança das estruturas: sociais,
econômicas e políticas. Seria desconhecer “a força intrínseca do espiritual e
de sua lei de ação” (Maritan), na sociedade e na história. A Igreja de Cristo
“tem o dever de mostrar a todos o caminho da conversão que leva a voltar os
olhos para o próximo, a ver no outro- seja ele quem for- um irmão e uma irmã em
humanidade, a reconhecer sua dignidade intrínseca na verdade, na liberdade” (Papa
Francisco- Mensagem para o Dia Mundial da Paz, 01-01-2015).
A Igreja também pode servir como fiscal e mediadora, pois
sempre produziu efeitos e frutos ao longo do tempo e da história, seja nos seus
movimentos sociais, como: os vicentinos, nas santas casas de misericórdia,
etc.; quer no âmbito pastoral, como: pastoral da terra, pastoral da criança,
pastoral do menor; e também no âmbito humano e assistencial, pois para a sociedade
o rosto da Igreja foi/é/será o seu serviço.
O “tu” fraternal que nos transforma em uma só comum
unidade com o outro e para o outro sempre foi exercitado pela solidariedade da
Igreja como Mãe e mestra. E agora cabe a cada um refletir durante este período
quaresmal e fazer sua prática batismal de ser profeta, sacerdote e rei buscando o bem comum do ser humano através
da justiça social.
Por:
Notas:
[1] BÍBLIA
- Bíblia do Peregrino. Comentários de L.
A. SCHÖCKEL. São Paulo: Paulus, 2002.
[2] CONCÍLIO VATICANO II – Compêndio do Vaticano II: constituições, decretos e declarações.
Petrópolis: Vozes, 1968.
[3] CONFERÊNCIA DO EPISCOPADO LATINO-AMERICANO. III
Conferência Geral. Puebla: A
evangelização no presente e no futuro. Petrópolis: Vozes, 1979.
[4] FRANCISCO, Papa. Mensagem
para o dia Mundial da Paz, 2015.
[5] MARITAN, Jacques. Humanismo
integral, 1936.