Inicialmente para compreender e viver o Reino de Deus é
indispensável orar, porém não é nas enciclopédias nem na internet que vamos
contemplar e sentir a oferta de Jesus.
Contudo, a oração deve ocupar um lugar preponderante na
vida cotidiana, com um olhar dirigido sempre a Deus, assim como o povo de
Israel que recitava o credo, o Shema`
(cf. Dt 6,4-9;11,13-21), certamente neste contexto Jesus e seus discípulos
cresceram (rezando tephila, qaddish, etc.).
Provavelmente seja rica e bem organizada a jornada
oracional dos judeus na época de Jesus, consequentemente, o perigo era rezar a
um Deus distante do mundo, pelo contrário o Deus de Jesus não estará nas fórmulas
fechadas, no cerimonial fixo, pois para Ele uma petição não é alcançada por
mérito pessoal, tal como o expressa em Lc 18,1: “E contou-lhes também uma
parábola sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer”.
Vamos ver agora como Jesus orava. Não obstante, podemos
saber algo sobre suas orações? Efetivamente, não! Conforme J. Jeremias: “Os
sinóticos transmitem apenas duas orações de Jesus (Mt 11,25 par.; Mc 14,36
par.) e também as palavras à cruz (Mc 15,34 par.; Lc 23,34ª.46). O evangelho de
João acrescenta ainda mais três orações de Jesus (11,41s; 12,27s;17), das
quais, porém, pelo menos a oração sacerdotal está marcada inteiramente pelas
caraterísticas e estilo do quarto evangelho”.
Decerto, Jesus cresceu
numa família piedosa (apreendeu a rezar com Maria e José), de modo que Ele
participava dos momentos importantes e orava junto com a comunidade conforme Lc
4,16: “E, chegando a Nazaré, onde fora criado,
entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga, e levantou-se
para ler”. De fato para as mesmas refeições Jesus rezava, note-se em Lc
24,30: “E aconteceu que, estando com eles à
mesa, tomando o pão, o abençoou e partiu-o, e lhe deu”.
No entanto, Jesus quebrou o esquema
tradicional de oração, não ficou nos padrões humanos, veja-se como notoriamente
dedicava-se a orar: “De manhã, tendo-se levantado muito antes do amanhecer, ele
saiu e foi para um lugar deserto, e ali se pôs em oração” (Mc 1,35), e ainda de
noite “Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para rezar, e passou aí
toda a noite orando a Deus” (Lc 6,12).
Admitimos que Jesus orasse na sua língua
materna, chama a Deus de ´Abba, em
aramaico, assim como no momento da Cruz conforme Mc 15,34: “E a hora nona Jesus
bradou em alta voz: Elói, Elói, lammá
sabactáni?, que quer dizer: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”.
Afastou-se do tradicionalismo modo de orar da sua época em que os homens
instruídos rezavam na língua hebraica.
Na verdade, o conteúdo da oração de
Jesus foi algo novo, Ele faz oração de pedido pelos discípulos, crianças, por
Israel, pelos que o crucificaram. Do mesmo modo, pode ser verificado nos quatro
evangelhos que Jesus sempre fazia sua ação de graça: “Levantando Jesus os olhos
ao alto, disse: Pai rendo-te graças, porque me ouviste” (Jo 11,45), portanto, o
agradecimento dominava na oração de Jesus.
Em conclusão, o ensino de Jesus sobre a
oração se deu baixo instruções especiais aos discípulos: “Pedi, e dar-se-vos-á;
buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á” (Mt 7,7), sem dúvida, a oração
deve ser perseverante e feita com toda
confiança, Deus ouvirá. Assim, o espirito será fortalecido na espera do Reino
de Deus. Ao mesmo tempo orar nos permite
estar conscientes do tempo da salvação oferecida gratuitamente por Deus.
A oração não deve ser cheia de discursos
ou palavras porque o Pai conhece melhor as nossas necessidades.
Referência bibliográfica
JEREMIAS,
Joachim. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Ed. Paulinas, 1980, pp. 282-294.
BIBLIA,
Tradução católica.