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Artigo: Tempo de oração

23 de fevereiro de 2015

Inicialmente para compreender e viver o Reino de Deus é indispensável orar, porém não é nas enciclopédias nem na internet que vamos contemplar e sentir a oferta de Jesus.
Contudo, a oração deve ocupar um lugar preponderante na vida cotidiana, com um olhar dirigido sempre a Deus, assim como o povo de Israel que recitava o credo, o Shema` (cf. Dt 6,4-9;11,13-21), certamente neste contexto Jesus e seus discípulos cresceram (rezando tephila, qaddish, etc.).
Provavelmente seja rica e bem organizada a jornada oracional dos judeus na época de Jesus, consequentemente, o perigo era rezar a um Deus distante do mundo, pelo contrário o Deus de Jesus não estará nas fórmulas fechadas, no cerimonial fixo, pois para Ele uma petição não é alcançada por mérito pessoal, tal como o expressa em Lc 18,1: “E contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer”.
Vamos ver agora como Jesus orava. Não obstante, podemos saber algo sobre suas orações? Efetivamente, não! Conforme J. Jeremias: “Os sinóticos transmitem apenas duas orações de Jesus (Mt 11,25 par.; Mc 14,36 par.) e também as palavras à cruz (Mc 15,34 par.; Lc 23,34ª.46). O evangelho de João acrescenta ainda mais três orações de Jesus (11,41s; 12,27s;17), das quais, porém, pelo menos a oração sacerdotal está marcada inteiramente pelas caraterísticas e estilo do quarto evangelho”.
 Decerto, Jesus cresceu numa família piedosa (apreendeu a rezar com Maria e José), de modo que Ele participava dos momentos importantes e orava junto com a comunidade conforme Lc 4,16: “E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga, e levantou-se para ler”. De fato para as mesmas refeições Jesus rezava, note-se em Lc 24,30: “E aconteceu que, estando com eles à mesa, tomando o pão, o abençoou e partiu-o, e lhe deu”.
No entanto, Jesus quebrou o esquema tradicional de oração, não ficou nos padrões humanos, veja-se como notoriamente dedicava-se a orar: “De manhã, tendo-se levantado muito antes do amanhecer, ele saiu e foi para um lugar deserto, e ali se pôs em oração” (Mc 1,35), e ainda de noite “Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para rezar, e passou aí toda a noite orando a Deus” (Lc 6,12).
Admitimos que Jesus orasse na sua língua materna, chama a Deus de ´Abba, em aramaico, assim como no momento da Cruz conforme Mc 15,34: “E a hora nona Jesus bradou em alta voz: Elói, Elói, lammá sabactáni?, que quer dizer: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”. Afastou-se do tradicionalismo modo de orar da sua época em que os homens instruídos rezavam na língua hebraica.
Na verdade, o conteúdo da oração de Jesus foi algo novo, Ele faz oração de pedido pelos discípulos, crianças, por Israel, pelos que o crucificaram. Do mesmo modo, pode ser verificado nos quatro evangelhos que Jesus sempre fazia sua ação de graça: “Levantando Jesus os olhos ao alto, disse: Pai rendo-te graças, porque me ouviste” (Jo 11,45), portanto, o agradecimento dominava na oração de Jesus.
Em conclusão, o ensino de Jesus sobre a oração se deu baixo instruções especiais aos discípulos: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á” (Mt 7,7), sem dúvida, a oração deve ser perseverante e feita com  toda confiança, Deus ouvirá. Assim, o espirito será fortalecido na espera do Reino de Deus.  Ao mesmo tempo orar nos permite estar conscientes do tempo da salvação oferecida gratuitamente por Deus.
A oração não deve ser cheia de discursos ou palavras porque o Pai conhece melhor as nossas necessidades.
Por:








Referência bibliográfica
JEREMIAS, Joachim. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Ed. Paulinas, 1980, pp. 282-294.
BIBLIA, Tradução católica.
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