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A questão sobre Jesus hoje

15 de outubro de 2014

1. Problemática da cristologia atual
Depois do Vaticano II a reflexão sobre a cristologia teve um grande espaço dentro do catolicismo já que toda a base e sentido da fé estão em Jesus Cristo. Efetivamente, essa certeza vai ajudar muito a reconquistar novamente a universalidade da Igreja.
Do mesmo modo, no mundo existe ruptura entre fé e vida. As mesmas religiões não respondem as novas questões e a Igreja está com crise de identidade. A meu ver, é neste contexto onde a cristologia vai ter um campo de encarnação para demonstrar a reconciliação de Deus com o mundo, uma reconciliação que, sobretudo é dom de Deus e depois tarefa humana.
Certamente para Kasper os pensadores como Ranher, Chardin, Braun buscavam re-interpretar o dogma de Calcedônia: “verdadeiro Deus e verdadeiro homem numa pessoa”, decerto estes autores tiveram em conta os métodos e categorias filosóficas para ter uma compreensão melhor. Apesar de, H. U. von Balthasar considerou que não se deve colocar a Jesus Cristo num esquema filosófico ou ideológico.
Outra linha de pensamento é a redescoberta do Jesus histórico (com Metz, Marxsen), que procura colocar um fundamento histórico à fé em Cristo. No entanto, esta corrente pode ser útil, mas é imprecisa porque os evangelhos não têm interesse pelo simples fato histórico.
Seguidamente, a cristologia vai ter diferentes perspectivas de trabalho: em primeiro lugar está a cristologia orientada historicamente. Partindo da profissão: “Jesus é o Cristo” é preciso mantê-la viva na memória, claro que enfrentando posturas extremas como as de H. S. Reimarus, D. F. Strauss, A. Schweitzer. Com toda certeza a tarefa seria então aceitar que a questão histórica sobre Jesus tem sua relevância teológica.
Segundo, a cristologia de alcance universal. Como vemos, há exigências de dialogar criticamente com a tradição e sair ao encontro do mundo. Além disso, é obrigatório nesta época ter atitude aberta e pluralista porque a cristologia não pode fechar suas portas perante as novas questões da realidade.
Terceiro, a cristologia determinada soteriológicamente. Este ponto resume as duas tarefas anteriores porque a pessoa e história de Jesus são inseparáveis da sua importância universal. Veja-se que com a soteriologia e a cristologia a realidade da salvação é assegurada à defesa da verdadeira divindade e a verdadeira humanidade de Jesus.
2. A questão histórica sobre Jesus Cristo
É provável historicamente que a figura de Jesus transformou o movimento do mundo durante estes dois milênios. Apesar de que, Jesus para nós é somente acessível por meio da fé das primeiras comunidades cristãs. Mantemos viva a fé em Jesus desde o Novo Testamento e a tradição; e agora a comunidade ocupa o contexto vital (Sitz im Leben).
Consequentemente em 1953, Erns Käsemann recomendou voltar à questão liberal sobre o Jesus histórico, ainda que não seja algo resolvido. Em suma, foi observado que nos sinópticos existem forças históricas sobre a figura de Jesus e há uma mescla entre a mensagem original e a narração, por tudo isto o estudo histórico-exegético tem valor.
A saber, tendo em conta os avanços da hermenêutica, a intenção é rejeitar todo mito sobre Jesus. Cristo se encarnou e a sua vivência humana tem importância salvífica. Na verdade, o novo enfoque proposto consiste em ter presente o kerigma, sem separar ela da interpretação e da tradição, tudo isso com o objetivo de tirar a mensagem falsa da verdadeira, convém discerni-la.
Em conclusão, se pretende demonstrar a unidade entre o Jesus ressuscitado e o Jesus terreno.
3. A questão religiosa sobre Jesus Cristo
“Jesus o Cristo” constitui a resposta sobre a salvação e redenção. Mas já no Novo Testamento houve perguntas sobre o Jesus: “És Tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?” (Mt 11,3). Além disso, existiam diferentes formas de esperar o Cristo. Os judeus esperavam um libertador descendente de Davi. Os zelotas aguardavam um líder guerrilheiro. Os apocalípticos queriam a vinda de um reino supra-terreno. Percebe-se que as posturas ao respeito do Cristo foram e continuam sendo variadas.
Supondo que a secularização coloca o homem como ponto de partida e medida de toda a realidade para se desprender tranquilamente de Deus. Uma postura atual diante de Cristo? Ainda assim, surge a intenção de criar um programa para desmitologizar a fé em Cristo. Aqui mitologia refere-se sobre um jeito de entender o divino a modo mundano e o mundano de maneira divina (Bultmann). Quer isto dizer, o homem deixa de ser infantil e começa a ser adulto na sua fé, claro que isso se consegue procurando a verdadeira intenção das escrituras sagradas.
Por outro lado, K. Ranher assume que pode ser feita uma cristologia orientada antropologicamente já que a humanidade de Jesus deve ser entendida como um símbolo real de Deus. A meu ver a proposta é de uma cristologia “desde abaixo” que tem como finalidade a cristologia transcendental.
No entanto o concilio Vaticano II observou a humanidade num período crítico e em profundas transformações. Efetivamente a salvação passa para um segundo plano diante do bem-estar temporal e material experimentado pelo homem. Portanto neste contexto: como falar de Jesus Cristo? De que maneira manter algo absoluto diante do relativismo? A raiz destas questões justamente W. Kasper vai afirmar que o mundo não pode chegar à perfeição por si mesma. Unicamente partindo de Cristo pode adquirir toda a plenitude. O homem age livremente e deve transformar a realidade, mas sem abandonar a Deus.
Portanto, a humanidade tem anseio de vida, de justiça e liberdade. De tal forma que, hoje novamente surge para Jesus a pergunta: “És Tu aquele que há- de vir, ou devemos esperar outro?” (Mt 11,3).
Por:
Contato: cristosj@hotmail.com









REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Kasper, Walter, Jesúsel Cristo, Salamanca, Sal Terrae, 2013. p. 9-74.
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