50 anos que se passou desde o início da
sessão de abertura do Concílio Vaticano II no ano de 1963; em 2015 se
comemorarão os 50 anos de encerramento do Concílio. Durantes esses decênios que
se passaram desde o encerramento até os dias atuais houve diversas tentativas
de colocar em prática na Igreja as decisões tomadas pelos Padres Conciliares,
que guiados pelo Espírito Santo abriram as portas da Igreja para que a mesma
pudesse está aberta ao diálogo com a modernidade.
Diante do apelo do Vaticano II em que se
percebeu ser preciso renovar a Igreja para que nascesse um diálogo com o mundo
moderno, não sendo mais necessário condenar os avanços da ciência, mas sim,
incentivar uma cultura que valorizasse os direitos de cada homem e mulher para que
todos chegassem a usufruir dos bens adquiridos pelos avanços produzidos pela
ciência moderna. Com o avanço da ciência moderna muitos foram beneficiados,
porém a sociedade ficou cada vez mais dividida entre aqueles que eram beneficiados
com o avanço das tecnologias, mas por outro lado uma grande massa de homens e
mulheres fora cada vez mais excluída da sociedade até os dias atuais. Diante
dos extremos de exclusão que se gerou na sociedade atual, a Igreja é convidada
a tornar-se um sinal profético na própria sociedade, pois a Igreja é aquela luz
que acesa no mundo, ilumina a cidade dos homens (Mt 5,15), para que os mesmos
cheguem à consciência de que todos os homens e mulheres, independentes de sua
classe social, tenham direitos a uma vida digna como filhos e filhas de Deus. Sendo
a Igreja a luz que no mundo tem como tarefa guiar seus filhos e filhas no
caminho da vivência do Evangelho, vivência essa que se dá pela escuta e prática
dos ensinamentos de Cristo, muitos homens e mulheres souberam abrir seus
corações ao apelo da Boa-Nova pregada por Jesus; assumindo uma postura de vida
que desafia os valores pregados pela sociedade moderna que são contrários ao
Evangelho, ou seja, a dignidade humana deve estar sempre em primeiro lugar.
A Igreja tem consciência que nos dias atuais
para que ela continue a ser aquela luz que ilumina a “cidade dos homens” deve
seguir os passos de Cristo, ou seja, compartilhar do seu destino: Paixão, Morte
e Ressureição e isto se dará quando ela se aproximar dos mais necessitados, dos
mais excluídos da sociedade, e de todo homem e mulher que necessite da luz do
Evangelho, pois a verdadeira vivência da fé cristã se dá pelo testemunho de
vida no dia a dia de cada um que se deixa enamorar pelas palavras do Evangelho.
Durantes esses anos que se passaram desde a
inauguração do Vaticano II aos dias atuais, a Igreja sente a necessidade de
responder ao apelo que nasce do próprio Vaticano II em “voltar às fontes”, ou
seja, a Igreja com seu exemplo de Mãe e Mestra deve fazer da sua própria
existência uma oblação ao serviço dos mais necessitados. Ela deve saber vivenciar
a prática do evangelho sem fazer acepção de pessoas, assim como o próprio
Cristo fez: “Todo o que quiser tornar-se grande entre vós, seja o vosso servo;
e todo o que entre vós quiser ser o primeiro seja escravo de todo” (10,42).
O desafio atual é grande, e perante as
necessidades gritantes dos tempos de hoje, em que se construiu uma sociedade do
descartável, em que tudo se torna relativo, a Igreja tem como missão compartilhar
o destino de Cristo; pois ambos estão interligados e nesta união a Igreja deve
sentar-se à mesa com Jesus, estar em companhia dele compartilhando de seu
destino: morte, cruz e ressureição. Tal pensamento está intimamente ligado à
passagem de Marcos 2, 15: “Aconteceu que, estando à mesa, em casa de Levi,
muitos publicanos e pecadores também estavam com Jesus e os seus discípulos;
pois eram muitos os que seguiam”. Se para ser Igreja é preciso sentar-se à mesa
com o Cristo, juntamente com esse mesmo Cristo que não foge da miséria e da
pobreza dos homens, mas que se encarnou e se fez pobre (Jo 1, 14), assumindo a
condição humana de miséria, ele deseja que a Igreja assuma seu verdadeiro papel
na história da salvação como servidora dos mais necessitados e fragilizados.
Vivemos numa sociedade consumista em que o
descartável está em voga, onde o ser humano é medido pelos bens que possue, e
que a prática do relativismo afeta todos os setores da sociedade moderna, nos
perguntamos, quem são esses que podem sentar-se à mesa com o Cristo? Ou melhor,
como a Igreja poderá sentar-se à mesa com o Cristo?
A Igreja senta-se à mesa com o Cristo quando
os seus filhos e filhas são impelidos pelo testemunho de caridade que brota do
próprio evangelho e enxergam diante de seus olhos a miséria humana que é fruto
da própria ação do homem, e acolhe na caridade, sem fazer acepção de pessoas,
em seus braços aqueles que a própria sociedade renega, testemunhando perante o
mundo, que o amor de Deus vai além das aparências humanas (1 Sm 16, 7).
Jesus sempre esteve próximo dos que eram
rejeitados pela sociedade de seu tempo, e os acolhia como filhos e filhas de
Deus e anunciava o seu reino (Lc 4,18-19). Eis aí, o desafio atual a Igreja, o
desafio de sentar à mesa com Jesus, porém não sentar-se apenas com os que não
precisam de salvação e sim com aqueles que necessitam da atenção especial de
Jesus e que são motivos de sua missão (Mt 9, 10-13).
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