Por motivos
que a grande maioria de vocês conhece, tenho estado bastante anestesiado quanto
a tudo que vem ocorrendo à minha volta. Porém, nos meus poucos momentos de
distração venho percebendo algo que está me incomodando muito e que só tende a
piorar.
Há pouco
mais de 15 anos, duas grandes invenções vieram para desestabilizar
completamente o mundo em que vivemos: o celular e a internet! Com o grande
chamariz de permitir uma absurda velocidade de recebimento de informações e
contato direto com qualquer pessoa em todos os cantos do mundo, essas
preciosidades foram ganhando espaço e hoje tornaram-se mais importantes do que as
pessoas em si! Essas duas invenções modificaram o jeito das pessoas se
relacionarem. Tenho reparado casais sentados frente a frente em um restaurante,
sendo que, ele e ela, cada qual, com cabeça abaixada, divertindo-se com seus
próprios celulares. Pouco se olham, pouca se falam.
Já vinha
notando colegas de trabalho que mal respondem bom dia quando entramos na sala dos professores, sendo que, na
maior parte das vezes, estão com a cabeça abaixada, entretido com seus próprios
celulares.
Ao parar em um sinal ou em um engarrafamento, tenho visto pessoas dando sorrisos por estarmos, de cabeça abaixada, lendo algo interessante em seus próprios celulares.
Ao parar em um sinal ou em um engarrafamento, tenho visto pessoas dando sorrisos por estarmos, de cabeça abaixada, lendo algo interessante em seus próprios celulares.
Ao percorrer
um shopping ou mesmo uma rua movimentadíssima, venho tentando entender qual
dinâmica permite que as pessoas, de cabeça abaixada, consigam se desviar das
que vêm pela sua frente.
Acreditem
vocês ou não, mas tenho encontrado médicos e enfermeiros dentro do hospital
cruzando os corredores, de cabeça abaixada, concentrados em seus próprios
celulares enquanto pacientes gritam de dor e familiares anseiam por um contato
mínimo que seja com esses cidadãos.
Não...Não pensem que não uso celulares, que não sou um dos que dá aquela olhada várias vezes durante o dia, que não posto fotos e comentários que na prática não acrescentam em nada na vida da maioria dos que me "acompanham". Seria hipocrisia dizer que sou contra tudo isso. Afinal, tenho minhas contas de facebook, instagram e whatsapp, como meus contatos sabem.
Não...Não pensem que não uso celulares, que não sou um dos que dá aquela olhada várias vezes durante o dia, que não posto fotos e comentários que na prática não acrescentam em nada na vida da maioria dos que me "acompanham". Seria hipocrisia dizer que sou contra tudo isso. Afinal, tenho minhas contas de facebook, instagram e whatsapp, como meus contatos sabem.
O que venho
aqui tentar alertar, principalmente a essa geração que já nasceu de cabeça
abaixada, é que NADA substitui a conversa olho no olho, nada é melhor do que
tentar fazer de cada momento algo único e que mesmo que tentemos fazer mil
coisas ao mesmo tempo, este mesmo tempo se esgotará e quando isso acontecer,
será tarde para se arrepender de não ter beijado mais aquele namorado que
estava na sua frente no restaurante, de não ter conversado com aqueles mestres
que tanto poderiam trazer experiência e um pouco de humor em suas salas dos
professores, de ter dado aquele sorrisinho para motorista gatinha do carro ao
lado, de ter rido dos tipos que vêm em sua direção no shopping ou percebido uma
roupa ou estilo maneiro naqueles que andavam na rua, de ter feito um pouco mais
por aqueles que esperavam quase nada nos leitos de um hospital.
Enfim, não
dá pra viver sem celular e internet, mas dá sim pra levantar a cabeça e viver
um pouco mais a vida que é aqui fora da telinha e é real!
Por: Bruno Lima (professor e paroquiano da paróquia barnabítica Nossa
Senhora de Loreto, Rio de Janeiro – RJ).