Entre
as mais recentes perspectivas de desenvolvimento da Congregação dos Clérigos
Regulares de São Paulo, chamados Barnabitas, em países extra-europeus - entre
os quais a Tanzânia e a Indonésia -, concretizou-se a nova fundação de Mérida,
no Estado de Yucatán no México.
Depois do décimo aniversário de consolidação
da presença dos Barnabitas no terceiro maior país da América Setentrional
graças à fundação da Comunidade de Monterrey, a nova Consulta generalícia achou
oportuno promover e apoiar um novo salto apostólico à luz das indicações
emitidas pelo último Capítulo Geral de 2012, que criou, como órgão pastoral-administrativo
de apoio em específicas áreas geográficas, o Conselho de Planificação
Latino-Americano.
Após doze anos de laboriosa presença
missionária – embora que temporária, ou seja, limitada no período das férias de
invernos ou de verão – nos Estados de Puebla, do Michoocán e no Distrito
Federal, com surpresa em fins de 2012, uma após a outra se fecharam as portas
ao pedido de acolher uma nova fundação barnabita no México, embora as razões
ligadas às particulares e atuais situações daquelas Dioceses possam ser
compreendidas.
Não dispondo de conhecimentos diretos de
outras realidades diocesanas, após um momento de desânimo devido à
impossibilidade de pôr-me de novo em caminho por aquele imenso país batendo em
portas desconhecidas, na oração me lembrei daquela reflexão do nosso Santo
Fundador, Antônio Maria Zaccaria quando observava que também a água do mar
tinha os seus tempos: “... seis horas flui e seis horas reflui, e aquela água não
se pode dizer que esteja firme” (Sermão VI). Então, aquela água, generosamente
movida por tantas fadigas apostólicas, por outras vias, com a mesma generosidade,
teria feito retorno.
Esperando aquele providencial refluxo, mas sem
me afastar de Roma pensei de confiá-lo aos meus ex-alunos mexicanos da
Pontifícia Universidade Gregoriana – todos sacerdotes – por mim conhecidos na
Urbe durante os anos nos quais frequentavam os cursos de especialização e de
doutorado em História da Igreja. Ao pedido de ajudar-me em localizar dioceses
necessitadas e dispostas a acolher o nosso carisma, entre as diversas respostas
prontamente vindas de todas as latitudes e longitudes do México (desde
Saltillo, à Baja Califórnia, a Tabasco, etc.,) uma em particular me chamou a
atenção: Aquela do Pe. Hector Augusto Cárdenas Ángulo, que humildemente
apresentava as necessidades da sua Igreja local e me assegurava uma primeira
disponibilidade das autoridades eclesiásticas da sua Arquidiocese de Yucatán para
encontrar-nos.
E assim, do dia 08 ao 18 de março e do dia 07
ao 18 de maio de 2013, com a bênção do Reverendíssimo Superior Geral, Pe.
Francisco Chagas Santos da Silva e da Consulta Geral, me dirigi por duas vezes
em exploração a Mérida, capital do Yucatán, sem antes ter ali posto os pés.
“Por gracias de Dios”
veio naturalmente– “Nunca desistas de un sueño. Sólo trata de ver las
señales que te lleven a él” – graças também às ótimas relações travadas com as
Autoridades diocesanas locais, entre as quais o Arcebispo S. E. Monsenhor
Emilio Carlos Berlie Belaunzarán, e o Vigário Episcopal para a Vida Consagrada,
Pe. Armín Rivero Castillo, além do clero diocesano e religioso.
Uma simpatia recíproca – a primeira vista – e
a benévola impressão de ter providencialmente chegado a “nuestro destino”;
daqui a profecia do Arcebispo, aquela de uma nossa nova fundação em “4 m”,
destinada a tornar-se realidade em um tempo breve, apenas seis meses: “Meu caro
Pe. Lovison aqui são bem recebidos os Barnabitas; já estão os quatro ‘emes’:
México, Monterrey, Mérida e Maria”.
De fato, Maria Santíssima nos tem guiado
sempre, e grande foi, por exemplo, a alegria de encontrar na Arquidiocese de
Yucatán bem duas estimadas Comunidades religiosas das Filhas da Divina
Providência, como ainda maior foi a surpresa de reencontrar o quadro de Nossa
Senhora Mãe da Divina Providência justamente na nova casa paroquial a nós
destinada: já estava nos aguardando...
Outras razões desta escolha se encontram no
encorajante pedido por parte da Arquidiocese de Yucatán de assumir, como
Barnabitas, não só uma paróquia, quanto de construir um polo de renovação para
toda a vida diocesana através da riqueza do nosso carisma paulino-zaccariano.
Daqui a possibilidade e o encorajamento em ocupar
outros possíveis espaços de apostolado, quais a formação espiritual para jovens
e leigos, a animação do clero, a direção espiritual para universitários e para
aos estudantes de colégios católicos como do próprio seminário diocesano, o
ensino, o ministério da confissão e da pregação, o incremento da devoção à
Eucaristia, ao Crucificado e aos nossos Santos, a atenção para com os mais
pobres e pelas missões nas partes mais internas e isoladas do país.
Premissas importantes para organizar uma
séria pastoral juvenil e vocacional e começar a pensar numa casa de formação.
Por estes motivos S.E. Monsenhor Emilio Carlos Berlie Belaunzarán tem
fortemente desejado que a nova fundação permanecesse aos menos no seu inicio na
capital, Mérida.
Acerca da ligação com Monterrey se percebeu
logo como o problema da notável distância entre as duas Comunidades fosse
facilmente e economicamente superável graças aos voos low-cost de diversas
companhias aéreas mexicanas, que ligam muitas vezes ao dia o Aeroporto Internacional
de Mérida com o de Monterrey, (o voo dura menos de duas horas), e com aquele,
naturalmente, da Cidade do México (uma hora e meia).
Mérida, pois se encontra próxima às famosas
metas turísticas da Riviera Maya e de Cancún, sede de um importante aeroporto
internacional, e ainda mais próxima ao Brasil e aos outros países daquela área onde
há a nossa presença religiosa, na esperança de uma proveitosa relação de
sustento e colaboração com o Conselho de Planificação Latino Americano.
MAS,
POR QUE OUTRAS NOVAS FUNDAÇÕES?
As Deliberações do 136º Capítulo Geral a
propósito das novas fundações afirmam: “O Capítulo Geral, na ótica de continuar
a política de novas fundações, como resposta às solicitações da Igreja para a
Nova Evangelização, insiste que se considerem as seguintes condições: a) as
novas fundações entrem em uma lógica de programação geral, prudente e motivada;
b) o pessoal religioso possa ser tomado de várias províncias; c) as novas
fundações disponham de suficientes meios econômicos e de um adequado número de
religiosos, aí destinados também por um período determinado, como o objetivo de
constituir o quanto antes uma comunidade formada; d) haja de norma a
preocupação, nas novas fundações de assegurar algumas propriedades para a
Congregação (deliberação 90). O Capítulo Geral julga que a localização das
novas fundações deva depender de um plano estratégico da Congregação, que mantenha
presente o espírito de missionariedade, as exigências da evangelização, a
vivacidade do nosso carisma, a expectativa vocacional (deliberação 91)”.
O esforço em tal sentido aprovado pela nova
Consulta Generalícia e que compromete toda a Congregação dos Clérigos Regulares
de São Paulo – onde ninguém deve se sentir inútil – não implica de modo algum uma
atitude de negligência ou desinteresse para com as realidades geográficas da
antiga evangelização, antes muito vivazes e pastoralmente fecundos.
Simplesmente a Congregação segue o sopro do
Espírito Santo, e permanece sempre uma mesmo sendo constituída – hoje mais que
no passado – por tantas comunidades espalhadas no mundo, com diversas línguas,
culturas e sensibilidades, tradições. Uma riqueza incalculável que é própria dos Barnabitas: “Sede um só corpo e um
só espírito, assim como fostes chamados pela vossa vocação a uma só esperança.
Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo. Há um só Deus e Pai de todos” (Cf.
Ef 4, 4-6).
Não existiu jamais, portanto uma Congregação
para os italianos, uma Congregação para os europeus, uma Congregação para os
africanos, etc., sempre permaneceu única Congregação na qual todos os filhos de
São Paulo estão estreitamente unidos.
De terras tão distantes e diversas provêm
ainda hoje, mais do que nunca o convite a escutar o coração e a reencontrar os
motivos, a beleza, a força, e uma pitada de santo orgulho, pela unidade:
paulinamente unidos, acima de tudo. Por isto com sabedoria o Capítulo Geral de
2012 reconhecia como a evangelização “não é uma iniciativa pessoal, mas surge
pela comunhão: com Cristo, que nos confia o seu Evangelho e envia os seus
discípulos não individualmente, mas dois a dois; com a Igreja, em cujo nome
exercitamos o nosso apostolado; com a Congregação, com o seu carisma e a sua
tradição” (deliberação 32).
Do Oratório da Alegria de Monterrey como por
uma anciã paroquiana de Mérida, o apelo é, portanto o mesmo: sejais “plantas e
colunas da renovação do fervor cristão” (Santo Antônio Maria Zaccaria, Carta
VII).
*Tradução
do italiano para o português: Jaciel
Baracho, noviço barnabita.
**Correção
da tradução para o português: Pe. Vitor Maria
Baderacchi, CRSP.