Sem entrar em detalhes, há três grandes grupos de Igrejas cristãs
no mundo: a Católica, as ortodoxas e as protestantes. As Igrejas ortodoxas
partilham muitos elementos conosco. Estão presentes sobretudo no Oriente
(Europa oriental e Ásia). Separaram-se da Igreja Católica no ano 1054, devido a
diferenças de cultura e de doutrina. Hoje agrupam aproximadamente 250 milhões
de fiéis. Elas também professam a comunhão dos santos e cultivam uma grande
devoção a Maria. Cultivam práticas devocionais marianas diferentes das dos
ocidentais. No seu calendário litúrgico, têm várias festas e solenidades
marianas.
Os ortodoxos não possuem imagens de santos em forma de estátuas, e
sim ícones, pinturas religiosas sobre a madeira que obedecem a técnicas e
padrões definidos, transmitidos no correr de muitos séculos. Os ícones marianos
não são retratos de Maria, e sim uma expressão simbólica e orante. Vale a pena
conhece-los, admirá-los e rezar com eles, como os ícones daquela que conduz a
Jesus, da Mãe da ternura, de Maria orante, da Mãe que amamenta, da Virgem do
sinal, da Maria Rainha e da Mãe da Paixão (conhecida no Ocidente como Nossa
Senhora do Perpétuo Socorro). E também os ícones sobre Jesus, nos quais Maria
está presente: anunciação, nascimento, visitas dos pastores e dos magos,
apresentação no templo, bodas de Caná, morte na cruz, ascensão e Pentecostes.
As Igrejas ortodoxas também professam os dogmas Theotokos (Maria mãe
de Deus) e da Virgindade de Maria. Quanto à Imaculada Conceição, há diferenças.
Creem que Maria foi concebida com o pecado original, como qualquer outro ser
humano, e então purificada por Deus. Não aceitam, enquanto dogma, a assunção. Mas
professam que Maria já está glorificada junto de Deus. Há séculos têm a festa
litúrgica da “Dormição de Maria”.
O que aprendemos com os ortodoxos a respeito de Maria? Uma devoção
fundada nas figuras e imagens bíblicas, a centralidade de Jesus, o lugar
especial de Maria na comunhão dos santos, Maria como imagem realizada da
comunidade cristã e as representações simbólicas, que nos abrem ao mistério
infinito de Deus.
Por: Ir. Afonso
Murad