Na catequese desta quarta-feira, 13, o Papa Francisco falou de sua
recente viagem à Colômbia, de 6 a 10 de setembro. O Santo Padre recordou
os momentos mais significativos de seus quatro dias de permanência no país,
citando primeiramente a acolhida que recebeu das autoridades civis e
eclesiásticas, mas de modo especial do povo colombiano, que definiu “alegre,
mesmo em meio a tanto sofrimento”.
“O que chamou a minha atenção foi a multidão e os pais que erguiam os
seus filhos para que o Papa os abençoasse. Eles o faziam como para mostrar que
este é o seu orgulho, a sua esperança. Um povo que faz isso é um povo que tem
futuro”, afirmou Francisco.
O Papa mencionou o lema da viagem, “Demos o primeiro passo”, escolhido
em referência ao processo de reconciliação que a Colômbia está vivendo para
sair de meio século de conflito interno.
“Com a minha visita, quis abençoar o esforço do povo, confirmá-lo na fé
e na esperança, e receber o seu testemunho, que é uma riqueza para o meu
ministério e para toda a Igreja”, disse.
Em Bogotá, o Papa se reuniu com as autoridades, os bispos do país e
também com o Comitê do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), aos quais
deu o seu encorajamento pastoral. Na capital, Francisco dirigiu ainda sua
saudação aos jovens, dos quais pôde constatar o desejo de vida e de paz, “força
de vida que a própria natureza proclama com a sua exuberância”, afirmou
Francisco, recordando que a Colômbia é o segundo país mais rico em
biodiversidade.
Villavicencio
Já Villavicencio foi palco do momento culminante da viagem. A jornada na
cidade foi dedicada à reconciliação, primeiramente com a Missa para a
beatificação dos mártires Jesús Emilio Jaramillo Monsalve e Pedro Maria Ramírez
Ramos, e depois com o encontro de oração para a reconciliação nacional.
A beatificação dos dois mártires recordou que a paz é fundada também, e
talvez sobretudo, sobre o sangue de tantos testemunhos do amor. Para Francisco,
ouvir suas biografias foi comovente até as lágrimas, lágrimas de dor e de
alegria. Sobre o encontro de oração para a reconciliação, o Papa mencionou de
modo especial as histórias narradas pelas testemunhas, que falaram em nome de
muitas pessoas que, a partir de suas feridas, com a graça de Cristo saíram de
si mesmas e se abriram ao encontro, ao perdão e à reconciliação.
Medellín
A viagem depois prosseguiu em Medellín, onde a perspectiva foi a da vida
cristã como discipulado. “Quando os cristãos se empenham profundamente no
caminho da sequela de Cristo, tornam-se realmente sal, luz e fermento no
mundo”, disse o Papa, citando como exemplo os Lares que acolhem crianças
desamparadas e as vocações à vida sacerdotal e consagrada.
Cartagena
Por fim, em Cartagena, a cidade de São Pedro Claver, apóstolo dos
escravos, Francisco falou do tema dos direitos humanos. O santo jesuíta, e mais
recentemente a Santa Maria Butler, demonstraram que dar a vida pelos mais
pobres é o caminho para a verdadeira revolução – aquela evangélica e não
ideológica – que liberta realmente as pessoas e as sociedades das escravidões
de ontem e, infelizmente, também de hoje.
Neste sentido, explicou o Papa, “dar o primeiro passo” significa
aproximar-se, prostrar-se, tocar a carne do irmão ferido e abandonado, a
exemplo de Jesus, que se tornou escravo por nós. “Graças a Ele há esperança,
porque Ele é a misericórdia e a paz.”
Francisco concluiu a catequese confiando novamente a Colômbia e o seu
povo a Nossa Senhora de Chiquinquirá. “Com a ajuda de Maria, cada colombiano
possa dar todos os dias o primeiro passo em direção ao irmão e à irmã, e assim
construir juntos, dia após dia, a paz no amor, na justiça e na verdade”.