CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 16 de dezembro de 2015
Quarta-feira, 16 de dezembro de 2015
Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal
Tradução: Jéssica Marçal
Queridos
irmãos e irmãs, bom dia!
Domingo passado foi aberta a Porta Santa na Catedral de Roma, a
Basílica de São João Latrão, e se abriu a Porta da Misericórdia na Catedral em
todas as dioceses do mundo, também nos santuários e nas igrejas indicadas pelos
bispos. O Jubileu é em todo o mundo, não somente em Roma. Quis que este sinal
da Porta Santa fosse presente em cada Igreja particular, para que o Jubileu da
Misericórdia possa se tornar uma experiência partilhada por cada pessoa. O Ano
Santo, deste modo, tomou o caminho em toda a Igreja e é celebrado em todas as
dioceses, como em Roma. Também, a primeira Porta Santa foi aberta justamente no
coração da África. E Roma, bem, é o sinal visível da comunhão universal. Possa
essa comunhão eclesial se tornar sempre mais intensa, para que a Igreja seja no
mundo o sinal vivo do amor e da misericórdia do Pai.
Também a data de 8 de dezembro quis destacar essa exigência,
relacionando, a 50 anos de distância, o início do Jubileu com a conclusão do
Concílio Ecumênico Vaticano II. De fato, o Concílio contemplou e apresentou a
Igreja à luz do mistério da comunhão. Espalhada em todo o mundo e articulada em
tantas Igrejas particulares é, porém, sempre e somente a única Igreja de Jesus
Cristo, aquela que Ele quis e pela qual ofereceu a Si mesmo. A Igreja “una” que
vive da comunhão própria de Deus.
Este mistério de comunhão, que torna a Igreja sinal do amor do
Pai, cresce e amadurece no nosso coração, quando o amor, que reconhecemos na
Cruz de Cristo e no qual nos imergimos, nos faz amar como nós mesmos somos
amados por Ele. Trata-se de um Amor sem fim, que tem a face do perdão e da
misericórdia.
Porém a misericórdia e o perdão não devem permanecer belas
palavras, mas realizar-se na vida cotidiana. Amar e perdoar são os sinais
concretos e visíveis de que a fé transformou os nossos corações e nos permite
exprimir em nós a vida própria de Deus. Amar e perdoar como Deus ama e perdoa.
Este é um programa de vida que não pode conhecer interrupções ou exceções, mas
nos leva a ir sempre além sem nunca nos cansarmos, com a certeza de sermos
sustentados pela presença paterna de Deus.
Este grande sinal da vida cristã se transforma depois em tantos
outros sinais que são característicos do Jubileu. Penso em quantos atravessaram
uma das Portas Santas, que neste Ano são verdadeiras Portas da Misericórdia. A
Porta indica o próprio Jesus que disse: “Eu sou a porta: se alguém entra
através de mim, será salvo; entrarás e sairás e encontrarás pastagem” (Jo 10,
9). Atravessar a Porta Santa é o sinal da nossa confiança no Senhor Jesus que
não veio para julgar, mas para salvar (cfr Jo 12, 47). Estejam atentos para que
não haja alguém um pouco ligeiro ou muito espertalhão que diga a vocês que se
deve pagar: não! A salvação não se paga. A salvação não se compra. A Porta é
Jesus, e Jesus é grátis! Ele mesmo fala daqueles que faz entrar não como se
deve e, simplesmente, diz que são ladrões e bandidos. Então estejam atentos: a
salvação é gratuita. Atravessar a Porta Santa é sinal de uma conversão do nosso
coração. Quando atravessamos aquela Porta é bom recordar que devemos ter
escancarada também a porta do nosso coração. Eu estou diante da Porta Santa e
peço: “Senhor, ajude-me a escancarar a porta do meu coração!”. Não teria muita
eficácia o Ano Santo se a porta do nosso coração não deixasse passar Cristo que
nos leva a ir rumo aos outros, para levá-Lo e levar o seu amor. Portanto, como
a Porta Santa permanece aberta, porque é o sinal do acolhimento que o próprio Deus
nos reserva, assim também a nossa porta, aquela do coração, esteja sempre
escancarada para não excluir ninguém. Nem mesmo aquele ou aquela que me
incomoda: ninguém.
Um sinal importante do Jubileu é também a Confissão.
Aproximar-se do sacramento com o qual somos reconciliados com Deus equivale a
fazer experiência direta da sua misericórdia. É encontrar o Pai que perdoa:
Deus perdoa tudo. Deus nos compreende mesmo nos nossos limites, nos compreende
também nas nossas contradições. Não somente, Ele com o seu amor nos diz que
justamente quando reconhecemos os nossos pecados nos é ainda mais próximo e nos
encoraja a olhar adiante. Diz mais: que quando reconhecemos os nossos pecados e
pedimos perdão, há festa no Céu. Jesus faz festa: esta é a Sua misericórdia: não
desanimemos. Adiante, adiante com isso!
Quantas vezes ouvi dizer: “Padre, não consigo perdoar o vizinho,
o companheiro de trabalho, a vizinha, a sogra, a cunhada”. Todos ouvimos isso:
“Não consigo perdoar”. Mas como se pode pedir a Deus para nos perdoar se depois
nós não somos capazes de perdão? E perdoar é uma coisa grande, ainda não é
fácil, perdoar, porque o nosso coração é pobre e só com as suas forças não pode
fazê-lo. Se, porém, nos abrimos para acolher a misericórdia de Deus para nós,
por nossa vez nos tornamos capazes de perdão. Tantas vezes ouvi dizer: “Mas,
aquela pessoa eu nem podia ver: eu a odiava. Mas um dia, me aproximei do Senhor
e lhe pedi perdão pelos meus pecados e também perdoei aquela pessoa”. Essas são
coisas de todos os dias. E temos próxima a nós essa possibilidade.
Portanto, coragem! Vivamos o Jubileu começando com estes sinais
que comportam uma grande força de amor. O Senhor nos acompanhará para nos
conduzir a fazer experiência de outros sinais importantes para a nossa vida.
Coragem e adiante!