A Carta 9 foi escrita em Guastalla no dia 10
de junho de 1539. Discursa sobre vários assuntos como: ser exemplo do Cristo
Crucificado, o testemunho dos amigos, reavivar as paixões, o modo de superá-las,
passar de Saulo a Paulo, as características de Saulo, as características de
Paulo, exigir de si mesmo, Cristo está crucificado em nós (Escritos, p. 35).
A ideia deste artigo é tentar sintetizar o
pensamento de Santo António em três pontos:
1. Uma hermenêutica aplicada
à vida. O termo "hermenêutica" provém
do verbo grego "hermēneuein" e significa "declarar",
"anunciar", "interpretar", "esclarecer" e, por
último, "traduzir". Certamente,
Santo
Antônio não era um exegeta dedicado ao estudo da Bíblia. Sempre, porém, tratou
de entender a vida pela força da Palavra. Para isto, dedicava-se à oração e à meditação:
“Saibam meu irmãos, que a meditação é a comida, é o alimento dos que querem
progredir. Por isso, si vocês não se nutrirem dela, certamente sentirão
faltar-lhes forças”. Tendo a Palavra como luz, toda nossa existência vai ter um
sentido diferente. Por tal motivo torna-se necessário comunicarmos primeiramente
com Deus, em nosso trabalho (cf. Const. XVIII, 31815).
SAMZ considera a grande atitude que teve
Barnabé com Saulo quando o introduziu na primitiva comunidade cristã: “Tendo Saulo chegado a Jerusalém, procurava
juntar-se aos discípulos; mas todos o temiam, não crendo que fosse
discípulo. Então Barnabé, tomando-o consigo, o levou aos apóstolos, e lhes
contou como no caminho ele vira o Senhor e que este lhe falara, e como em
Damasco pregara ousadamente em nome de Jesus” (At 9,26-27). Na véspera da festa de São Barnabé, o médico das
almas destaca a influência de Barnabé na comunidade: ele foi como uma ponte ou
intercessor para Saulo (cf. 10901 até 10903). Não fosse por Barnabé,
talvez, não teríamos um Paulo.
Por outro lado, o Reformador dos costumes (a
partir de 10904) vai aplicar o texto à vida cotidiana, constatando a
necessidade de deixar os hábitos antigos: primeiras inclinações, as nossas
Paixões (cf.10905, 10906,10907,10908).
2. Salvar a proposição do
próximo. SAMZ defende Paula Antônia. Até, proíbe que ela seja
criticada (cf. 10909, 10911). Ele resgata, além do mais, a riqueza e a maneira
particular de servir na missão (cf. 10912).
Nem todas às vezes coincidirão as nossas
opiniões, atitudes, ideais e conceitos com os dos outros. De certo, um olhar positivo
pode mudar as relações por criar um clima fraternal: valorizando e aceitando a
presença das pessoas. Sendo assim, seremos sinais do Reino de Deus no meio do
povo.
3. A santidade vivida de
maneira interna e externa (cf. 10909). Ela exige um trabalho de interiorização
dos acontecimentos para procurar sempre o benefício dos outros, dando bom
exemplo seja com palavras, como com as obras (cf. 10910).
Pela Carta 9, compreendemos, em particular,
como fazer uma hermenêutica aplicada à vida, tal qual fez SAMZ. Seguindo o seu
exemplo, descobriremos os sinais da obra de Deus, evitando toda observação
superficial (exterioridade) e valorizando o que está no coração das pessoas.
Teremos uma óptica iluminada pelo Espírito.
Autor:
Bibliografia
Bíblia Tradução Ecuménica. TEB. - São Paulo : Loyola, 1994.
Escritos (texto
atualizado). ZACCARIA Antônio
Maria. - Belo Horizonte : FUMARC, 2010.