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Angélica Paula Antonia Negri: Cruz e Crucifixo

2 de abril de 2015

A.P.A
Cruz e crucifixo são temas recorrentes nas cartas da Negri, as cartas que mais diretamente tratam esta temática são as da Sexta-Feira Santa de 1549, da Invenção da cruz de 1551 que antes era celebrada no dia 03 de maio, e após a reforma litúrgica de 1960 deixou de ser obrigatória para toda a Igreja, somente alguns países como México e Filipinas ainda celebram, e da Exaltação da Cruz de 1545. O texto, que foi traduzido pelo religioso barnabita Jaciel Maria Baracho, apresenta trechos da carta escrita em 1545. 
Uma árvore que vivifica e cura
A árvore da cruz é ponto obrigatório de referência da piedade cristã: Sobre a árvore da cruz fazem os seus ninhos os pássaros contemplativos, dos quais diz o salmo que o pardal encontrou a sua morada onde coloca os seus filhotes, isto é, os seus castos e intensos pensamentos. Cristo está suspenso na árvore da cruz. Uma árvore para considerar, admirar, contemplar, deleitar-se, desejando ardentemente; para amá-lo, abraça-lo, beijá-lo, apertá-lo no coração, no centro da alma. A cruz é aquele madeiro glorioso, tingido e ornado pelo vivo e quente sangue do Rei dos anjos, que vivifica e cura nas presentes tribulações ... fazendo-nos alegres e serenos, solícitos na paciência, assíduos na oração, prontos a amar quem nos persegue, vigilantes na proteção de nós mesmos, longe da murmuração e do julgar, unidos ao querer de Deus, tanto para nos gloriar deste madeiro glorioso, desta árvore que nos proporciona prazer com os seus frutos e que nos rende amável oração, fazendo-nos correr para irrigar com calorosas lágrimas e na amargura do coração os pés de Cristo. 
Um livro rico de ensinamentos
Deleita-vos em dar algum olhar àquele Cordeiro imaculado torturado na cruz por vós ... Familiarizai-vos por santa consideração com os tormentos e as penas para vós aceitos. Reservai algum tempo das outras ocupações para consumi-lo aos pés do nosso Salvador, fazei-o, de graça, assim para tornar-vos dignos de receber a verdadeira luz e real conhecimento da vontade de Deus em vós. De fato, Cristo se mostra a nós cheio de cusparadas, cheio de pancadas, de desonras, de penas e de tormentos, não por outra coisa qualquer, se não para que não façamos fundamento nas delícias do mundo, não nas próprias comodidades e nos próprios prazeres, mas na cruz santa, de modo que ela seja a escada que nos conduza a ele, donde ele nos espera, nos convida, nos solicita...
Comovei-vos com esta consideração, movei-vos a compaixão, chorai e suspirai. Este é verdadeiro pai e mais que pai, que vos gerou e regenerou com o sangue. Ele é a vossa mãe, que vos concebeu para o amor, dando a si mesmo pela vossa redenção, nutrindo-vos com o leite espiritual, alimentando-vos de si com um alimento não corruptível e, em fim, dando-se a vós por guia, provedor e pedagogo... O Crucifixo tornou-se o livro no qual se pode aprender aquilo do qual necessitamos. Colocai-vos a lê-lo de modo que aprendais e, aprendendo, produzais assim confiança em cada afeto de Cristo.
Significativas, pois dirige a um leigo, as seguintes exortações: Penso que todas estas coisas que, como vós dizeis, vos congelam e vos assustam, ao mais rápido vos inflamam e vos fazem arder com fogo divino, se vos comprometeis como vos tenho dito e como melhor vos dirá Jesus Cristo no coração. Mas, se ainda provais este gelo, porque ainda não vos aqueceis intensamente no fogo do amor que na cruz vos foi mostrado?
Pode ser que tantas angústias e flagelos, tanto sangue derramado, aqueles pés que penetraram cada mármore e aqueceram todo gelo, não aqueçam, não penetrem, não confortem o vosso amável coração, capaz de amar, de ser grato, de consumir-se, considerando quão grande é a caridade que vos compreende? ... Animai-vos e dirigi-vos frequentemente aos pés de Cristo crucificado: aqui vos aquecei, confortai-vos, animai-vos, vos revigorando contra o mundo e contra tudo aquilo que procura afastar-vos do bem iniciado. E como (deveis comportar-vos) vos será demostrado aos pés da cruz, se aí vos agradar ficar com o desejo que vos seja ensinado aquilo que deveis fazer.
A Lonardo Lombardi
13 de julho de 1545

NEGRI, Angelica Paula Antonia. Lettere Spirituale (1538-1551): scritte con l’aiuto dei suoi figlioli. Introduzione di Andrea Erba e Antonio Gentili. Roma: EDIVI, 2008, p.191-193.
Tradução:
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