No certame que nos é proposto caminhar, estamos
percorrendo o ano jubilar da vida consagrada. E são várias as expectativas de
como os religiosos e religiosas enfatizam um aperfeiçoamento de sua vida, nos
mais variados campos da sociedade, em um ano que é dedicado a reflexões,
leituras e reavaliação de tudo que percorreram e percorrem como consagrados e
consagradas a Deus. Surge uma pergunta: como está a missão do religioso e da
religiosa na Igreja?
O Papa Francisco exorta com ênfase a uma “saída, os
religiosos devem ser impelidos a tomar um caminho mais evangélico e de anúncio
do reino”. O consagrado possui um acento especial que é a missionariedade, que
não é só uma tarefa: “Ide e anunciai o evangelho”, muito pelo contrário é uma exigência
premente do ser cristão.
Compreende-se, então, que na vida dedicar-se ao outro é
parte fundante do religioso que decidiu seguir a missão do “Amar-te e fazer que
te amem”, árdua e tenebrosa consigna, porém a fraternidade evangélica é capaz
de nos apresentar meios e soluções para uma possível realização do anúncio da Palavra
de Deus.
Anunciar tornou-se em nossa época uma prática dolorosa. Os
meios de comunicação, telejornais, novelas são por sua vez mais chamativos que
a bíblia e a presença do outro como testemunha de cristo; a tarefa de emergir
um impulso missionário é sacrificante, os fiéis se tornaram da palavra mero
ouvintes, e não a tem mais como um sacramento de comunicação e escuta (o Deus
que fala e se revela com seu povo, e o povo que fala e se apresenta perante o
seu Deus), é substituído pelas mídias gerais.
Não quero aqui polarizar a mais ou a menos, ou
relativizar a situação, acredito e sei que ainda há um fruto do Espírito, ou
seja, pessoas que são dóceis a ação do querigma
do Reino, e fazem-se presença no serviço da realização do plano salvífico de
Cristo.
No entanto, a apostólica
vivendi forma deve se manter viva na atualidade e relação de um povo que
escuta a palavra e a põe em prática, e que encontra na missão uma visibilidade
dos traços característicos de Jesus. O religioso e a religiosa estão neste
barco, remando contra as correntezas, mas com um único intuito: “Com o exemplo
da vida e a pregação, com os sacramentos e os outros meios da graça” (GS 5), tornar
a vida consagrada um testemunho do que pediu o documento de Aparecida: “Sejam
discípulos e missionários do Reino”.
Enfim, o testemunho do consagrado e da consagrada na vida
religiosa é o do primeiro cristão que segue e vai aonde o mandarem e a que
lugar for. A missão da vida consagrada é um ir até os confins da Terra, ou seja,
à completa disponibilidade para a missão, sem temer e tremer: os desafios estão
colocados à Igreja e a fé nos propõe enfrentá-los. Eis o chamado, só falta
responder de forma clara e começar a semear as sementes do anúncio do reino.
Por:
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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Paulus, 2007.
CONGAR, Yves. El
Espíritu Santo. Barcelona: Herder, 1983.
Papa
Francisco. Evangelii Gaudium – A Alegria
do Evangelho, sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual. São Paulo:
Paulus, 2013.
Papa
Francisco, Carta Apostólica Às Pessoas
Consagradas, para proclamação do Ano da Vida Consagrada. São Paulo: Paulus,
2014.
VATICANO II. Constituição Dogmática Lumen Gentium.
Constituições, decretos, declarações. 25ª ed. Petrópolis: Vozes, 1996.
________. Constituição
Pastoral Gaudium et Spes. Constituições, decretos, declarações. 25ª ed.
Petrópolis: Vozes, 1996.