“Não lhes escrevi palavra alguma que não tenha
em si algo de especial. Se o encontrarem, penso que lhes será extremamente útil
e de grande proveito... posto em prática juntamente com a memória da cruz de
Cristo (evangelho), os levará a uma grande perfeição”.
(Santo Antônio Maria Zaccaria 1.11.09)
As mudanças exigem transformações
O
contato com o Evangelho deve nos estimular a uma mudança (crescimento) gradual.
Antropologicamente, o ser humano é um ser em “construção” e como tal, é chamado
a traçar um caminho de autoconstrução e de superação. Negar esses elementos
significa submeter-se a um estado de vida atrofiado.
A
intimidade com Cristo carrega em sua estrutura a necessidade de levá-lo impresso na nossa existência;
nesse âmbito se encontra o anúncio, que nasce da convicção de o ser humano se
reconhecer como um ser amado por Deus e que este amor não abraça somente a mim
(não é uma propriedade privada), mas sim a toda humanidade. Em outras palavras,
o anuncio da boa nova pode ser traduzido de duas formas: por meio de palavras e
de ações. Ambas são expressões da certeza da existência do amor que Deus
entrega à sua criação. Na medida em que permitimos que tal amor penetre nossa
existência, o sentido da entrega de Cristo na cruz começa a conduzir nossa maneira
de nos instalar no mundo e paulatinamente, as palavras de Paulo: estou pregado à
cruz de Cristo. Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim (Gal 2,
19b- 20a) vão se transformando na “trilha sonora” de nossa caminhada
espiritual. Por conseguinte, isso aumenta em nosso interior o desejo de
extirpar tudo o que minimiza nossa relação com Deus.
A
Ressurreição de Jesus comprova a veracidade de sua mensagem e denota que Ele
não é um profeta a mais que caminhou pela Palestina, é o Deus conosco e os Evangelhos
são “pegadas históricas” de sua existência. O contato honesto com eles exorta o
sujeito a moldar sua vida de acordo com os modelos propostos pelo Senhor. Não
se trata de uniformizar a humanidade, mas sim consiste em sublinhar elementos
básicos do cristianismo: altruísmo, alteridade, diligência, honestidade,
domínio de si, entre outros. Cada sujeito, desde sua subjetividade, é convidado
a fazer parte dessa objetividade e isso, longe de negar sua identidade,
enriquece, fortalece e a torna mais original.
Para
crescer é necessário abraçar coisas novas e abrir mão de elementos antigos; o
processo “doloroso” do aprendizado nos incita constantemente a reavaliar nossos
conceitos, nossas “verdades e mentiras”. A vitória sobre si mesmo está presente
nesse contexto, a mesma consiste em lutar contra o “monstro” que há dentro de
nós. Trata-se de olhar para Jesus e encontrar o verdadeiro sentido da nossa
humanidade. É ter a coragem de elevar a mente a Deus e dizer como São Alexandre
Sauli ego tibi totus, totus tibi soli (todo
teu, somente teu).
As mudanças exigem transformações, se é certo que a experiência profunda com Cristo
deve ser o impulso que motiva o homem a
dedicar-se a ser aquilo que ainda não é (SAMZ,
3.18.02), o cristão não pode colocar barreiras que impeçam que as
consequências de tal contato impregnem sua humanidade. A cada sacramento
recebido, a cada Eucaristia celebrada e a cada momento de oração, aumenta nossa
responsabilidade pessoal como cristãos. Nesse sentido, o crescimento espiritual
deveria acompanhar nossa estrutura cronológica; cada dia vivido é uma
oportunidade indubitável para amadurecer. Um adulto que se comporta como uma
criança, um religioso que se comporta como um postulante são exemplos clássicos
de um estado de vida deformado, de um sujeito que se recusa a crescer (a
amadurecer).
Muitas
vezes para fugir de nossas responsabilidades, é mais cômodo para os adultos
agirem como crianças e para os religiosos atuarem como postulantes, pois atuar
assim é uma maneira de minimizar nossos encargos, esquivar-se dos mesmos;
ficamos somente com o “doce” e deixamos o “amargo” para os demais. Se o ser
humano não permite que as mudanças de etapas, o passar dos anos, transformem
para melhor sua personalidade, ele viverá preso em um “mundinho” de fantasias
onde as crianças não crescem, é a “terra do nunca”, a ilha bosquejada pelo
escritor escocês James Matthew Barrie em sua obra “Peter Pan”. Confrontando os elementos mencionados
anteriormente com a obra escrita por Dr. Dan Kiley em 1983, titulada “The Peter
Pan Syndrome: Me Who have Never Grown Up”, é possível perceber que, neste
âmbito, o processo de maturidade psicológico não acompanhou o crescimento
físico.
As marcas deixadas por
nossas experiências de fé devem transparecer em nossos labores. Consciente de
que a natureza “manchada” do ser humano precisa de um processo gradual de
purificação, Santo Antônio Maria Zaccaria apresenta o método da gradualidade como
caminho tangível para a autoconstrução de um cristão. Em outras palavras, o
homem espiritual, em sua auto renovação começa cortando alguma coisa:
um dia, uma, outro dia, outra e assim, procedendo de forma constante, um dia
suprime isso e outro dia aquilo... (SAMZ 1.11.04). Antagonicamente, o
tíbio recusa a submeter-se a esse processo paulatino, simula um comprometimento
a sua missão, uma adesão superficial, evitando as faltas mais graves e se
deleitando com as faltas leves, quer o bem, mas só em parte:
controla-se em parte, mas não quer se controlar no todo (SAMZ 1.11.03). No
fundo, o que motiva as suas buscas não é o valor existente em sua vocação, mas
sim seus desejos escuros.
Cristo deseja homens
livres, pois é na liberdade que ampliamos e fortalecemos nossa humanidade.
Somos livres para fazer nossas escolhas; porém é necessário ser consciente de
que tudo é permitido, mas nem tudo é oportuno. Tudo é permitido, mas
nem tudo edifica (1Cor 10, 23). Ainda que nascendo em uma sociedade
que possui estruturas anteriores à nossa existência, é de suma importância
ressaltar que nós escolhemos os caminhos que traçamos, nossas escolhas nos
definirão como pessoas e consequentemente, abrirão um conjunto de
possibilidades (positivas ou negativas) para o futuro.
As palavras daqueles que
se deixam conduzir pelo Espírito Santo são carregadas de sentido, são
penetradas de unção. Assim são os homens de vida espiritual profunda, são
portadores de uma mensagem que encontra sua origem em Deus. A expressão “não
lhes escrevi palavra alguma que não tenha em si algo de especial” denota
que indo ao núcleo do que o santo esboçou no papel e meditando sobre este, é
possível encontrar uma riqueza colossal, difícil de ser traduzida com palavras.
Para encontrar tal tesouro, é necessário ter a fé e o Espírito Santo como
“bússolas”.
A mensagem de Santo
Antônio M. ao casal milanês Bernardo Omodei e Laura Rossi: Quero e
desejo - e vocês podem, se quiserem, - que se tornem grandes santos,
preocupando-se com o aperfeiçoamento de suas qualidades e com o gesto de
oferecê-las de volta ao Cristo Crucificado, pois vocês as receberam Dele (SAMZ,
1.11.06) é um desejo seu que se estende a todos nós, expressa o anelo
do próprio Criador. Zaccaria traduz em palavras humanas o
desejo de um Deus que anseia ardentemente fazer com que a humanidade alcance a
plenitude de sua existência. Oferecer de volta as qualidades ao Crucificado
vivo, consiste na necessidade de começar uma luta interior, superar-se,
permitir-se ser transformado.
“No os he escrito palabra alguna que no tenga en sí
un no sé que. Por lo que, si lo encontráis, pienso que os será utilísimo y de
gran provecho; y si lo ponéis en práctica, junto con el libro de la dulce
memoria de la cruz de Cristo [el evangelio], os conducirá a una gran perfección”.
(San Antonio María Zaccaria, 1.11.09)
Cambios exigen transformaciones
El contacto con el evangelio debe impulsarnos a un cambio gradual.
Antropológicamente, el ser humano es un ser en construcción y, como tal, es
llamado a trazar un camino de autoconstrucción, de superación. Negar estos criterios
significa someterse a un estado de vida atrofiado.
La intimidad con Cristo conlleva en su estructura la necesidad de llevarlo
a Él impreso en nuestra existencia; en este ámbito está el anuncio, éste nace
de la convicción de saberse amado por Dios y que este amor no me abraza solo a
mí (no es una propiedad privada), sino a toda humanidad. Dicho de otra manera,
el anuncio de la buena nueva se traduce de dos formas: por medio de palabras y
acciones; ambos factores son expresión de la certeza de la existencia del amor
que Dios entrega a su creación. En la medida que nosotros permitimos que tal
amor penetre nuestra existencia, el sentido de la entrega de Cristo en la cruz
empieza a conducir nuestra manera de instalarnos en el mundo, y paulatinamente
las palabras de Pablo: ahora estoy
crucificado con Cristo; yo ya no vivo, pero Cristo vive en mi (Gal 2,19b-20a) van
transformándose en la “trilla sonora” de nuestro camino espiritual, consecuentemente
ello aumenta en nuestro interior el deseo de extirpar todo lo que dificulta o aniquila
nuestra relación con Dios.
La resurrección de Jesús demuestra la veracidad de su mensaje y denota que Él
no es un profeta más que caminó por Palestina, es el Dios con nosotros y los
evangelios son las “huellas históricas” de su existencia, el contacto honesto
con ellos exhorta al sujeto a modelar su vida en los “moldes” puestos por el
Señor. No se trata de uniformar la humanidad, antes bien consiste en subrayar elementos
básicos del cristianismo: altruismo, alteridad, diligencia, honestidad, dominio
de sí, entre otros. Cada sujeto, desde su subjetividad, es invitado a sumarse a
tal objetividad y eso, lejos de negar su identidad, la enriquece, la fortalece,
la hace más original.
Para crecer se exige abrazar cosas nuevas y echar mano de elementos
antiguos; el proceso “doloroso” del aprendizaje nos alienta constantemente a
reevaluar nuestros conceptos, nuestras “verdades y mentiras”. La victoria sobre
si mismo está inserta en este contexto, la misma consiste en luchar contra el
“monstruo” que hay dentro de nosotros, se trata de mirar a Jesús y encontrar el
verdadero sentido de nuestra humanidad, es tener el valor de elevar la mente a
Dios y decir como San Alejandro Sauli ego
tibi totus, totus tibi soli (todo para ti, solo para ti).
Los cambios exigen transformaciones, si es cierto que la experiencia
profunda con Cristo debe ser el impulso que motive a un sujeto a esforzarse por ser lo
que no es (SAMZ, 3.18.02), el cristiano no puede
poner barreras que impidan que los corolarios de tal contacto impregnen su
humanidad. Con cada sacramento
recibido, con cada eucaristía celebrada, con cada momento de oración aumenta
nuestra responsabilidad personal como cristianos; en este sentido, el
crecimiento espiritual debería acompañar nuestra estructura cronológica, cada
día vivido es una oportunidad ineludible para madurar. Un adulto que se porta
como niño, un religioso que se porta como novato, son ejemplos clásicos de un
estado de vida “deformada”, de un sujeto que se rehúsa a crecer (a madurar).
Muchas veces para huir de nuestras responsabilidades es más cómodo para los
adultos seguir portándose como niños y para los religiosos portarse como novatos, pues actuar así minimiza las
responsabilidades posibilitando esquivarlas; nos quedamos solo con lo dulce y
dejamos lo amargo para los demás. Si el ser humano no permite que el sobrevenir
de las etapas, el pasar de los años transformen para mejor su personalidad, él
vivirá atrapado en un “mundito” de fantasías en donde los niños no crecen, es
el “país de Nunca Jamás”, la isla bosquejada por el escritor escocés James Matthew Barrie en su obra “Peter Pan”. Confrontando los elementos señalados anteriormente con
la obra escrita por Dr. Dan Kiley en 1983, titulada “The Peter Pan Syndrome: Me
Who have Never Grown Up”, es posible darse cuenta de que, en este ámbito, el
proceso de madurez psicológica no acompañó el crecimiento físico.
Las marcas dejadas por nuestras experiencias de fe deben hacerse notar en
todos nuestros quehaceres. Consciente de que la naturaleza “manchada” del ser
humano necesita de un proceso gradual de purificación, Zaccaria presenta el
método de la gradualidad como camino tangible para la autoconstrucción de un
cristiano. Dicho de otra manera, el hombre espiritual, en la enmienda de su vida comienza por suprimir ya una cosa, ya otra,
procediendo en forma constante; un día suprimo esto, otro día lo otro (SAMZ
1.11.04). Sin embargo, el tibio rehúsa someterse a este proceso paulatino,
simula un compromiso en la misión, una adhesión superficial, evitando las
faltas más graves y deleitándose con las leves, quiere el bien, pero no todo el bien; se refrena en parte, pero no en
todo (SAMZ 1.11.03). En el fondo, lo que impulsa sus búsquedas no es el
valor existente en su vocación, antes bien son sus deseos obscuros.
Cristo desea hombres libres, pues es en la libertad donde ensanchamos y
fortalecemos nuestra humanidad. Somos libres para hacer nuestras elecciones; pero
es necesario tener en cuenta que todo me
es lícito, pero no todo conviene. Todo es lícito, pero no todo ayuda a
construir la comunidad (1Cor 10,23). Aunque nacemos en una sociedad que
posee estructuras anteriores a nuestra existencia, es menester resaltar que nosotros
elegimos los caminos que recorremos, nuestras elecciones nos definirán como
personas y consecuentemente, abrirán un conjunto de posibilidades (positivas o
negativas) para el futuro.
Las palabras de aquellos que se dejan conducir por el Espíritu Santo son
cargadas de sentido, son penetradas de unción, así son los hombres de vida
espiritual profunda, son portadores de un mensaje que no es suyo, sino de Dios.
La expresión “no os he escrito
palabra alguna que no tenga en sí un no sé que” denota que yendo al núcleo de lo que el santo bosquejó
en el papel y meditando sobre éste, es posible encontrar una riqueza colosal,
difícil de ser traducida con palabras. Para encontrar tal tesoro, es necesario
tener la fe y el Espíritu Santo como “brújula”.
El mensaje de San Antonio María a los cónyuges milaneses don Bernardo
Omodei y doña Laura Rossi: Quisiera y deseo -y
sois capaces si lo queréis- que lleguéis a ser grandes santos, a condición de
que queráis aumentar y devolver más bellas, aquellas cualidades y gracias al
Crucifijo, de quien las habéis recibido (SAMZ, 1.11.06) es un deseo
suyo que se extiende a todos nosotros, expresa el anhelo del propio Creador.
Zaccaria traduce en palabras humanas el deseo de un Dios que ansia ardientemente
hacer que la humanidad alcance la plenitud de su existencia. Devolver más
bellas la gracias y cualidades al Crucificado vivo, conlleva la necesidad de
entablar una lucha interior, superarse a sí mismo, permitir ser transformado.
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