O Círio de Nazaré, no segundo
domingo de outubro, em Belém do Pará, é a festa magna do povo paraense e a
maior manifestação religiosa do Brasil. Descrevê-lo é quase impossível.
Qualquer tentativa de narração, encontrará obstáculos nas palavras, que se tornam
impotentes para exprimir com exaustão toda a complexidade simbólica que esta
festa agrega.
Viver o mês de Outubro no Pará,
e, de modo peculiar em Belém, é antecipar a alegria de “celebrar o Natal”. Pois
assim o Círio é concebido: “o Natal dos paraenses”!
A cidade é adornada em todos os
sentidos. “Belém respira o Círio”. Tudo gira em volta desse fenômeno, que é
capaz de aglutinar católicos ou não, numa irmandade sem precedentes.
Contudo, não obstante a riqueza
sob o prisma sócio-cultural, que o Círio comporta, destaco aqui o contexto
global e de maior alcance dessa grande festa, que é, certamente, a profunda
religiosidade que o caracteriza, que o realça na emoção e na fé indescritíveis.
Nesse sentido, pode-se conceber o Círio de Nazaré como um aspecto que a Igreja
assumiu para mostrar o rosto de Deus que se expressa na devoção Mariana.
As manifestações contidas no Círio,
denotam de maneira explícita, um Deus sensível às necessidades de um povo, que
por sua vez clama por seu Deus, ao sair pelas ruas de Belém, em romaria. Um
Deus onipotente, que se manifesta na realização de milagres, mediante
promessas. É, portanto, um Deus que ouve, que está atento aos apelos e aos
sofrimentos do seu povo, como outrora ao povo de Israel.
Sobressai ainda a imagem de um
Deus misericordioso, que na pessoa de Maria vem “visitar seu povo”, haja vista
que há em Maria uma intimidade com Deus que não podemos senão entrever, por se
tratar de uma realidade tão delicada e tão sutil.
Em suma, o Círio de Nazaré
possibilita o encontro do Divino com o humano, num dia de experiência de Deus.
Daí a razão para a festa e para a celebração que se revelam no seu símbolo
maior: a imagem de Nossa Senhora de Nazaré.
Por: Pe. Maciel Maria Pereira, CRSP
(Província do Brasil Norte).