"Parabola iudicis iniqui"
À luz do evangelho do XXIX domingo
do tempo ordinário quero partilhar algumas reflexões sobre a oração e a
justiça. Bom, são duas palavras com vários significados, mas tratarei de expor
brevemente alguns pontos.
Começa assim o texto: “Depois Jesus
os ensinou com uma parábola que era necessário orar sempre sem desanimar-se”
(18,1). Vemos claramente a Jesus como mestre de oração. Posto que, só ensina a
orar quem sabe e tenha passado pela experiência da oração.
No idioma hebraico “oração” provém
de “tefilá”, que significa: intercessão,
súplica, rogo; e no grego vem da palavra “προσεύχομαι” que significa: súplica, adorar, fazer oração, orar e
pedir, e de “προσευχή” que significa: orar fervorosamente.
Pois bem, todos reconhecemos a Jesus
como um verdadeiro modelo de homem de oração. Entretanto, quanto sabemos, em
realidade, da oração na vida de Jesus? No mesmo evangelho de Lucas se pode notar
os diferentes momentos quando Jesus aparece orando: No momento de seu batismo,
se encontra orando (3,21); antes de iniciar sua pregação se retira ao deserto e
ora durante 40 dias (4,1-2); tinha o costume de ir à sinagoga (a casa de
oração) nos dias de sábado (4,16ss); ao ver como ele orava seus discípulos
pedem para que Ele os ensine a orar (11,1ss); os ensina o Pai Nosso (11,2ss).
Em consequência, pode-se ver de
outra maneira esta parábola dizendo que não nos instrui a orar continuamente,
pois ela pretende ensinar-nos que a fé em Deus e em sua capacidade de responder
com justiça deve ser a base de nossas orações.
Em segundo lugar, quero deter-me na palavra
Justiça, porque Deus sempre responderá com justiça. Veremos no grego koiné
algumas palavras com seus significados para aprofundar: δίκη [justiça], δίκαιος [justo, reto], δικαιοκρισία [justo juízo]. E, por outro lado, observamos o
contrário ao justo e a mesma justiça: ἄδικος [malvado, injusto], ἀδικία [maldade, injustiça]. O NT adota a referência do AT para a «violação da
lei divina», contrapondo os maus aos justos.
Pois bem, o contraste nesse caso é
entre um juiz e uma viúva. Em suas parábolas, Jesus tem a mania de apresentar a
pessoas desprezadas ou abandonadas pela maioria da sociedade como personagens
que servem como exemplos a seguir. A viúva estava entre os mais abatidos e vulneráveis
da sociedade Palestina naquele tempo, uma pessoa a quem se negava a justiça
constantemente.
De certo modo, podemos ver em Jesus
(o Messias) como o Justo porque toda sua natureza e ação estão em conformidade
com a vontade de Deus. Daí que a era messiânica será uma era de justiça.
Finalmente, podemos ter a certeza de
que orando sem nos desanimar alcançaremos a graça pedida ao Senhor. Por isso, é
sempre importante não deixar de orar visto que Jesus disse: “Os asseguro que
num abrir e fechar de olhos os fará justiça” (18,8).
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