No dia 5 de Agosto final de semana passado o nosso caro Ir. Lima deu seu sim definitivo na sua profissão solene, ao passo que o terceiro domingo do mês vocacional,
celebramos a vocação à vida consagrada. Quando nos referimos à vida religiosa,
temos presente os homens e mulheres que, vivendo em comunidade, buscam a
perfeição pessoal e assumem a missão própria do seu Instituto, Ordem ou
Congregação.
Na Igreja do Brasil, lembramos dos
consagrados e consagradas no domingo da Assunção de Maria, normalmente o
terceiro do mês de agosto. O Papa São João Paulo II instituiu uma data especial
para a vida consagrada, dia 2 de fevereiro, festa da Apresentação do Senhor.
Temos também a data de reflexão sobre a vida consagrada contemplativa. Porém,
em agosto comemoramos as diversas vocações pelo viés da oração. Rezamos pelas
diversas vocações. O fundamento evangélico da vida consagrada está na relação
que Jesus estabeleceu com alguns de seus discípulos, convidando-os a colocarem
sua existência ao serviço do Reino, deixando tudo e imitando mais de perto a
sua forma de vida.
A origem da vida consagrada está,
pois, no seguimento de Jesus Cristo a partir da profissão pública dos conselhos
evangélicos. A referência vital e apostólica são os carismas da fundação. Sua
função consiste em dar testemunho de santidade e do radicalismo das
bem-aventuranças. Exige-se dos consagrados total disponibilidade e testemunho
de vida, levando a todos o valor da vocação cristã. São sinais visíveis do
absoluto de Deus, através do sinal de Jesus Cristo histórico pobre, casto e
obediente.
A vida religiosa nasce em e para a
Igreja. Nasce de sua vitalidade intrínseca, como expressão máxima de si mesma,
como sua “radiografia” ou seu “substrato” mais profundo. Por isso, a vida
religiosa não é algo marginalizado à Igreja, porém, ela mesma expressando-se em
sua pureza total, naquilo que é e naquilo que tende ser no Reino consumado.
O carisma da vida religiosa está
orientado também para o mundo. Demonstra o contraste, não é fuga, mas
compromisso. A vocação religiosa é assumida por homens e mulheres que foram
chamados a testemunhar Jesus Cristo de uma maneira radical. É a entrega da
própria vida a Deus. Essa vocação existe desde o início do Cristianismo: vida
eremítica, monástica e religiosa. Nesses dois mil anos de História surgiram
inúmeras ordens, congregações, institutos seculares e sociedades de vida
apostólica.
Os religiosos vivem: a) Como testemunhas
radicais de Jesus Cristo; b) Como sinais visíveis de Cristo libertador; c) A
total disponibilidade a Deus, à Igreja e aos irmãos e irmãs; d) A total
partilha dos bens; e) O amor sem exclusividades; f) A consagração a um carisma
específico; g) Numa comunidade fraterna; h) A dimensão profética no meio da
sociedade; i) Assumem uma missão específica.
Todo religioso deve sentir com a
Igreja, imbuir-se dos seus problemas, estar a par de suas necessidades,
trabalhar fervorosamente no seu serviço e palmilhar suas orientações. Tal
empenho é como uma exigência prioritária do seu mesmo ser religioso, de sua
consagração, que o engaja no íntimo mistério da Igreja.
A presença dos consagrados e
consagradas em nossas comunidades é significativa e imprescindível, pelo que
são (a vida) e, também, como consequência pelos serviços que prestam nos
diferentes campos pastorais. Os religiosos e religiosas encontraram novas
maneiras de viver em comunidades e de animar as comunidades eclesiais e as
pastorais específicas. Ou seja, em tudo a vida consagrada tem aprofundado sua
consagração a Deus na vivência dos conselhos evangélicos, em vista da
construção do Reino.
Os religiosos estão a serviço do Povo
de Deus por meio da oração, das missões, da educação e de tantas outras obras
de caridade. Com sua vocação, eles demonstram que o Evangelho é plenamente
possível de ser vivido, mesmo em um mundo excessivamente material e consumista.
São sinais do amor de Deus e da entrega que o homem é capaz de fazer ao Senhor.
A vida religiosa é a manifestação
permanente e social da vitalidade intrínseca da Igreja, de sua inquebrantável
fé em Cristo e nos bens futuros do Reino Consumado. Somente, pois, de Cristo,
de sua Pessoa, de sua Palavra, de sua Vida, de sua Mensagem, é que a vida
consagrada tem sentido. Com sua vinda e com seu anúncio e presença ativa do
Reino estabelece uma nova situação, que origina um novo modo de viver. Sabemos,
de antemão, que os bens deste mundo não são definitivos, senão efêmeros, e que
somente os bens do Reino têm valor absoluto e justificam todas as renúncias,
englobando o sacrifício da própria vida. Desdobrar-se para o Reino é perpetuar
a índole da vida de Cristo. É o que pretende ser a vida religiosa.