O homem, mais do que nunca, é aferrado pelas delícias que
o mundo pode proporcionar. Multiplicaram-se as ocasiões de prazer sem, no
entanto, haver a possibilidade de se encontrar a felicidade. Nesse contexto tão
amplo, encontra-se a figura do seminarista, que é aquele rapaz que ingressa em
um seminário como o intuito de dar uma resposta ao chamado de Deus em sua vida.
O ideal do seminarista é tornar-se padre, mais do que isso, é procurar dar
sentido à própria existência, em busca da verdadeira felicidade, que é estar
diante de Deus, de maneira que ele consiga transmitir essa felicidade aos
outros.
Olhando externamente ao seminário, que corresponde ao
âmbito da formação religiosa e eclesiástica, pode-se constatar que do lado de
fora, assim como todo cristão, o seminarista tem que enfrentar inúmeras
tentações e obstáculos à sua perseverança. O ter, o poder e o prazer constituem
a síntese de tudo o que pode desviar o cristão das coisas eternas, pois ao
passo que podem ser meios de transformação positiva, podem também acarretar a
ganância e o egoísmo humano. Do lado de fora do seminário, o jovem tem a
possibilidade de evoluir, alargando os próprios horizontes, ao mesmo tempo em
que corre o risco de se frustrar e de não conseguir alcançar os objetivos
planejados.
Do lado de dentro do seminário, o indivíduo tem a
possibilidade de crescer humanamente em vista do ministério que deseja alcançar
na Igreja em função do anúncio do Evangelho, da construção de valores e do
acompanhamento ao povo de Deus. No entanto, dentro da casa de formação, o
seminarista tem que aprender a lidar com as situações, caso contrário, ainda
que tenha vocação e reta intenção, poderá sofrer severos abalos causados pelo
ambiente de convívio formativo. Não deve escandalizar o fato de que algumas das
maiores dificuldades daquele que está em processo formativo se dão entre os
muros do seminário, posto que muitas falhas da sociedade são reproduzidas em
menor teor também no contexto seminarístico.
O seminarista acaba por vezes enfrentando a realidade de
que ele se encontra em um período de transição de forma que pelo povo ele é
visto como aprendiz de padre, enquanto por parte do clero ele é visto como povo
e, de fato, ainda é leigo. Contudo, os estudantes que aspiram ao sacerdócio não
só rezam e repousam, mas, em maior ou menor teor, trabalham e têm de estudar
bastante se não quiserem ser medíocres naquilo que fazem, tentando conciliar horários,
disciplina e regras, somados à diversidade de temperamentos com os quais
convivem, tentando lidar de maneira salutar com seus superiores. Isso tudo, sem
esquecer que são humanos, que riem e que choram, que se alegram e se
entristecem, que enfrentam noites escuras, mas que confiam no alvorecer da
própria esperança em Cristo.
Os que se submetem a serem formados da melhor maneira
possível em função do sacerdócio e da vida religiosa têm que manter os olhos
fixos no Senhor sem deixar de estarem atentos aos sinais cotidianos para que o
sujeito não se torne obtuso, nem pietista e não fuja das responsabilidades para
consigo e com os outros. O período de formação inicial é um estágio, um
momento, algo que não é para sempre e que deve ser vivido com simplicidade e
coragem em vista da própria formação de maneira integral, abrangendo o seu lado
humano e espiritual, para que, antes de qualquer coisa, a pessoa se torne um
autêntico católico e, se chegar ao estado clerical ou de vida consagrada, tenha
a plena consciência de que não é padre nem religioso para simplesmente erguer
uma bandeira, mas é padre ou religioso para a Igreja e, consequentemente, para
Cristo que derrama a sua misericórdia sobre a humanidade.
Por: Edvando Soares Barros, estudante barnabita da Província Norte do Brasil