No documento publicado, nesta terça-feira, 06 de agosto, e
que traz a data de 19 de maio passado, Solenidade de Pentecostes, o Pontífice
ressalta que "evangelizar jamais é um ato isolado", mas "sempre
eclesial" e reitera que uma comunidade é realmente adulta se consegue sair
de seu recinto para levar a esperança de Jesus também às periferias.
"A fé é dom precioso de Deus", "um dom que
não se pode guardar para si, mas deve ser partilhado". O Papa Francisco
parte dessa consideração para desenvolver a sua primeira Mensagem para o Dia
Mundial das Missões.
"Toda comunidade é 'adulta' quando professa a fé, a
celebra com alegria na liturgia, vive a caridade e anuncia sem cessar a Palavra
de Deus, saindo de seu recinto para levá-la também às 'periferias'" –
escreve.
Em seguida, o Santo Padre ressalta que a dúplice ocasião do
Ano da Fé e do 50º aniversário do início do Concílio Vaticano II devem impelir
a Igreja "uma renovada consciência da sua presença no mundo de hoje, da
sua missão entre os povos e as nações".
E observa que a "missionariedade não é somente uma
questão de territórios geográficos", vez que "os confins da fé não
atravessam somente lugares e tradições humanas, mas o coração de cada homem e
de cada mulher".
Portanto, cada comunidade é interpelada a anunciar Jesus até
os extremos confins da terra como "um aspecto essencial" da vida
cristã. Todos "somos enviados pelas estradas do mundo para caminhar com os
irmãos, professando e testemunhando a nossa fé em Cristo", reitera.
Em seguida, Francisco convida os bispos a darem relevo
especial à "dimensão missionária nos programas pastorais e
formativos", evidenciando que "a missionariedade não é somente uma
dimensão programática na vida cristã, mas também paradigmática que concerne a
todos os aspectos da vida cristã".
Ademais, observa o Papa, "muitas vezes a obra de
evangelização encontra obstáculos não apenas externamente, mas dentro da
própria comunidade eclesial". Por vezes, afirma, são tênues o fervor, a
alegria, a coragem no anunciar" Jesus a todos e "no ajudar os homens
do nosso tempo a encontrá-lo".
E escreve, "por vezes ainda se pensa que levar a
verdade do Evangelho é fazer violência à liberdade", quando, ao invés,
levar a verdade evangélica "é uma homenagem a essa liberdade",
ressalta o Papa fazendo recordar Paulo VI.
Muitas vezes, "vemos que são a violência, a mentira e o
erro a serem ressaltados", então é "urgente fazer resplendecer em
nosso tempo a vida boa do Evangelho com o anúncio e o testemunho, e isso deve
ser feito dentro da própria Igreja", adverte o Santo Padre.
Francisco reitera que "é importante não esquecer um
princípio fundamental para todo evangelizador: não se pode anunciar Cristo sem
a Igreja. Evangelizar jamais é um ato isolado, individual, privado, mas sempre
eclesial".
O Papa detém-se sobre os muitos desafios da evangelização e
encoraja todos a levar ao homem do nosso tempo "a luz segura que ilumina o
seu caminho e que somente o encontro com Cristo pode dar".
A "missionariedade da Igreja não é proselitismo, mas
testemunho de vida que ilumina o caminho, que leva esperança e amor",
reafirma, e recorda que "é justamente o Espírito Santo que guia a Igreja
neste caminho".
Na parte conclusiva da Mensagem o Pontífice recorda aqueles
que se fazem portadores da Boa Nova, dos missionários aos presbíteros fidei
donum, aos fiéis leigos que "deixam a própria pátria para servir ao
Evangelho em terras e culturas diferentes".
"Doar missionários e missionárias jamais é uma perda,
mas um ganho", constata, e encoraja os bispos e as famílias religiosas
"a ajudarem as Igrejas que necessitam" de sacerdotes, religiosos e
leigos para "reforçar a comunidade cristã".
É importante que "as Igrejas mais ricas de vocações
ajudem com generosidade as que sofrem escassez de vocações", lê-se no
documento. Por outro lado, ressalta a importância das "jovens
Igrejas" que podem promover um novo entusiasmo nas Igrejas de antiga
tradição cristã.
Por fim, o Papa Francisco dirige um pensamento aos cristãos
perseguidos em várias partes do mundo, observando que hoje existem mais mártires
do que nos primeiros séculos. O Pontífice assegura a sua proximidade com a
oração e lhes repete as palavras consoladoras de Jesus: "Coragem, eu venci
o mundo".
Fonte: cnbb.org.br